Referente a novembro de 2005
Está sendo muito comentada em toda a Igreja (no mundo todo, pelo que sei) a admoestação dada por nosso profeta, Pres. Gordon B. Hinckley, no final de sua mensagem “Um Testemunho Vibrante e Verdadeiro” na Liahona de agosto último. Falando sobre a necessidade e importância de termos um testemunho desse tipo, o Pres. Hinckley termina dizendo:
Estudamos o Livro de Mórmon na Escola Dominical no ano passado, mas aos membros da Igreja em todo o mundo e a nossos amigos em toda parte lanço o desafio de ler ou reler o Livro de Mórmon. Se lerem um pouco mais que um capítulo e meio por dia, conseguirão terminar o livro antes do fim deste ano. (…)
Prometo-lhes sem reservas que, se seguirem esse programa simples, não importando quantas vezes tiverem lido o Livro de Mórmon antes, haverá em sua vida e em sua casa mais do Espírito do Senhor, uma determinação mais firme de obedecer a Seus mandamentos e um testemunho mais forte da realidade viva do Filho de Deus.
Não estudei o Livro de Mórmon na Escola Dominical no ano passado porque há dois anos tenho servido na Igreja, dentre outros chamados, como professor da classe de Princípios do Evangelho. Na verdade, não lembro quando foi a última vez que li o Livro de Mórmon, mas minha leitura individual pode ocasionalmente ter coincidido com seu estudo na Escola Dominical em alguma época do ano passado.
O fato é que, no momento em que li o desafio do profeta na Liahona de agosto, não me senti particularmente tocado, por algum motivo. Raciocinei que havia quem precisasse das bênçãos prometidas pelo profeta mais que eu e que, como eu já estava lendo Doutrina & Convênios, eu poderia receber as mesmas bênçãos prometidas pelo profeta sem necessidade de interromper a leitura de D&C.
No fim daquele mês, meu mestre familiar veio visitar-me. Em sua mensagem, tocou no assunto do desafio do profeta. Expliquei-lhe algo parecido com o que escrevi acima. Ainda não seria naquele momento que eu perceberia o tamanho do erro que estava cometendo.
Foi alguns dias depois que comecei a sentir o Espírito bater em minha mente dizendo-me insistentemente para que eu lesse o Livro de Mórmon. “Bem”, pensei, “se o Espírito está insistindo nisso, é melhor fazer o que Ele diz”. Sempre que identifico um influxo do Espírito, encaro-o como se fosse mandamento registrado nas Escrituras. Então parei a leitura de Doutrina & Convênios para começar a do Livro de Mórmon.
Hoje posso dizer: bendita hora em que decidi seguir a admoestação do Espírito!
Nem tanto por já estar comprovando ser verdadeira a promessa do profeta para os que aceitassem seu desafio, mas porque agora compreendo que o desafio na verdade era um teste. Um teste de fidelidade, obediência e humildade. É o caso clássico do risco que todos corremos de pecar pela displicência a um conselho inspirado justamente por sua simplicidade.
Aceitar o desafio do profeta significa também apoiá-lo, um apoio tão ou mais importante do que o manifestado ao levantarmos nossas mãos em seu favor nas conferências.
Mais que isso:
E tudo que disserem, quando movidos pelo Espírito Santo, será escritura, será a vontade do Senhor, será a mente do Senhor, será a palavra do Senhor, será a voz do Senhor e o poder de Deus para a salvação. (D&C 68:4.)
Acredito que, através do desafio do profeta, o Senhor estava dando à Igreja um recado de eterna importância: o de darmos mais valor àquela Escritura que Ele preparou e preservou para Seus santos dos últimos dias. Sinto que, a Seus olhos, essa obra tem uma importância imensamente maior que a que podemos perceber. É a obra com a qual o Senhor diferencia, honra e enaltece todos que a abraçam e professam Seu nome. Não deve ser vista como mais uma, não deve ser negligenciada ou incompreendida. Por causa desse pecado a Igreja já esteve em condenação uma vez (ver D&C 84:54-60). Será que não estava de novo?
Tudo isso confirma uma lição aprendida desde quando recebi meu primeiro testemunho quanto à veracidade do Livro de Mórmon: os conselhos, advertências e inspirações do Espírito não devem ser ignorados. Nem que, para segui-los, tenhamos que dar nosso sangue e nossas vidas. “Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á” (Mateus 16:25).