O dilema da mentira conveniente e da ignorância como arma política

Tenho um amigo que gosta de compartilhar conteúdo de viés político-partidário. Num país politicamente polarizado como o nosso, esse conteúdo prolifera como câncer em paciente terminal.

Que se faça propaganda política não é o que me incomoda. O que me incomoda é que esse conteúdo está infestado de mentiras. Elas acabam sendo engolidas como verdade por quem não tem a iniciativa de conferir. É assim que se manipula a opinião pública.

A questão é: as pessoas que compartilham mentiras sabem o que estão fazendo?

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Os bezerros de ouro modernos na vida pública e como evitá-los

O episódio do bezerro de ouro é um dos mais conhecidos do Velho Testamento (ver Êxodo 32).

Quando Moisés subiu ao Monte Sinai para receber de Deus os Dez Mandamentos, o povo de Israel ficou ansioso com a demora de seu retorno. Eles se reuniram ao redor de Aarão e pediram-lhe que fizesse deuses para eles. Aarão então pediu que o povo trouxesse seus objetos de ouro, que foram fundidos para formar um bezerro. O povo começou a adorar este ídolo, com danças, músicas e sacrifícios.

Quando Moisés desceu do monte e viu o que estava acontecendo, ficou furioso. Quebrou as tábuas dos Dez Mandamentos, queimou o bezerro de ouro, moeu-o até virar pó, espalhou o pó na água e fez com que o povo de Israel a bebesse.

Esse episódio é frequentemente citado como um exemplo de idolatria e infidelidade do povo de Israel, apesar dos milagres que havia testemunhado no Egito e durante o Êxodo.

Você ficaria surpreso em saber que hoje o povo se comporta de forma semelhante?

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Religiosos são mais suscetíveis a serem enganados por políticos?

Acho impressionante como pessoas que se dizem ou se sentem próximas de Deus e que são politicamente engajadas se deixam enganar tão facilmente por políticos desonestos. Depois que adotam um político de estimação de qualquer dos lados, vejo essas pessoas fecharem os olhos para os pecados de seu ídolo e os justificarem como se fossem advogados de sua alma. Começam também a espalhar todo tipo de mentira (fake news) contra o adversário como se fossem os promotores de (in)justiça responsáveis por sua condenação.

Note que não estou falando de ateus e agnósticos, e sim daqueles dos quais se espera um mínimo de compromisso com a verdade e com a decência ética e moral, justamente por professarem crença num Deus que abomina a mentira.

A questão é: essas pessoas sabem o que estão fazendo? Conseguem discernir a verdade da mentira?

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Uma análise crítica da abordagem dos ativistas do politicamente correto

Meme que circula nas redes sociais mostrando como a obra Sítio do Picapau Amarelo não poderia ter surgido nos dias atuais

Esse meme que está circulando nas redes sociais não é só uma piada, é uma caricatura da sociedade moderna: intolerante, intransigente, impaciente, que não admite que se brinque com estereótipos nem que se tenha opinião, pois tudo e qualquer coisa virou motivo de ofensa.

Eu mesmo tinha neste blog alguns artigos que, na época em que foram publicados, não me tornariam alvo da cultura do cancelamento que existe hoje. Mesmo tendo sido absolutamente respeitoso em minha redação, recentemente decidi suspender as publicações por precaução. Para alguns, não basta ser respeitoso, tem que surfar na onda do politicamente correto que está em constante “evolução”.

Hoje em dia, ou você concorda com tudo isso, ou se cala, ou se torna vítima de linchamento público, quando não é perseguido/ameaçado/processado. Tudo em nome de uma inclusão que só respeita um lado. É um ativismo hipócrita porque cobra atitudes que não está disposto a dar em troca.

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A política e eu: como água e óleo

Charge política

“O Jornal Nacional vai ser interrompido agora pela propaganda partidária obrigatória”, anunciou William Bonner, decorridos 15 minutos da edição de ontem do telejornal. Eu estava jantando e, por curiosidade, resolvi assistir ao programa do Partido Republicano Progressista (PRP). Seriam só 5 minutos mesmo. Mas, nos 5 minutos a que teve direito, o PRP não conseguiu dizer nada que me convencesse. “Por que devo acreditar neles?”, pensei. “Em quê são diferentes do resto?”

Juro que, às vezes, assisto esses programas na esperança de encontrar alguma luz no fim do túnel político, qualquer coisa que me entusiasme, me faça crer que algo pode mudar e arranque um voto de mim. Não um voto consternado pelo caráter repressoramente obrigatório de um ato que deveria ser espontâneo, mas um voto seguro de que o ilustre dignitário em quem deposito minha confiança não a trairá nos sórdidos meandros da política nacional. Até o momento não tive esse prazer.

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