‘Condutores cegos’: os influenciadores e o alerta do Salvador

Publicado em 11 de janeiro de 2025 e atualizado em 24 de janeiro de 2025

Tem tido muita repercussão a recente suspensão da jornalista Jacqueline Sweet na plataforma X (antigo Twitter), após desmentir teorias conspiratórias sobre uma suposta conta alternativa de Elon Musk, dono do X, evidenciando a discrepância entre o discurso e a prática de figuras influentes que proclamam defender a liberdade de expressão, mas agem de forma contrária quando lhes interessa. Este artigo explora essa incoerência, refletindo sobre as palavras de Jesus em Mateus 15:14: “São cegos condutores de cegos; ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão na cova.”

A jornalista decidiu investigar a veracidade de histórias que diziam que Musk usava um perfil falso em nome de Adrian Dittmann para elogiar a si mesmo. Sweet rastreou o verdadeiro Dittmann, um empresário alemão residente em Fiji, comprovando que a teoria era infundada. Apesar disso, a conta de Sweet foi suspensa por 30 dias e seu artigo defendendo Musk recebeu um aviso de “conteúdo violento ou enganoso”.

O episódio ergueu sérios questionamentos sobre a coerência da plataforma em relação à suposta liberdade de expressão defendida por expoentes da mesma corrente político-ideológica de Musk. Ele, que se autodenomina um “absolutista da liberdade de expressão”, já foi acusado de atitudes contraditórias. Em 2022, suspendeu contas de jornalistas que reportaram o rastreamento de seu jato particular sob a alegação de preocupações de segurança, sendo que dados sobre voos de aeronaves são de acesso público em muitos países, inclusive o dele. Mais recentemente, acatou ordens de bloqueio de contas em países como Turquia e Índia sem desafiar a Justiça, como fez no Brasil. Ambos os episódios sugerem que a liberdade de expressão que ele defende com punho de ferro só é boa quando lhe convém.

Trocando em miúdos, é o bom e velho “faça o que digo, não o que faço”. Todo mundo sabe que nome isso tem.

Esse contraste entre discurso e prática não se limita à esfera pública. Declarações feitas por Errol Musk, pai de Elon Musk, reforçam essa complexidade. Em entrevista recente, Errol criticou o filho e disse que as pessoas não deveriam dar ouvidos a ele. Em outra entrevista, disse não ter orgulho do filho bilionário.

A recente decisão da Meta de encerrar seu programa de checagem de fatos nos Estados Unidos, substituindo-o por um sistema de “notas da comunidade” semelhante ao implementado por Musk no X, vai pelo mesmo caminho. Mark Zuckerberg, CEO da Meta, justificou a mudança alegando que os verificadores de fatos têm sido politicamente tendenciosos. Essa decisão ocorreu em um contexto político peculiar: Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, historicamente crítico das políticas de moderação das plataformas digitais, teria pressionado a Meta a adotar uma abordagem mais permissiva em relação ao conteúdo. Além disso, Zuckerberg participou de encontros recentes com Trump e a empresa realizou doações significativas para a cerimônia de posse do novo governo, levantando questionamentos sobre uma possível influência política na decisão.

Críticos argumentam que essa decisão pode aumentar a disseminação de informações falsas. No X, o único resultado prático da redução da moderação de conteúdo em nome de uma falaciosa liberdade de expressão foi o aumento significativo dos discursos de ódio e da desinformação, segundo relatórios de organizações como o Center for Countering Digital Hate (CCDH). O CCDH analisou 300 tweets contendo discurso de ódio extremo e constatou que 86% dessas postagens permaneciam publicadas mesmo depois de reportadas, evidenciando o desinteresse da plataforma na moderação de conteúdo.

Além disso, um recente artigo da revista Galileu destacou que as novas normas da Meta permitem discursos de ódio, como associar orientações sexuais a doenças mentais e outros discursos potencialmente preconceituosos, desde que fundamentados em crenças religiosas ou culturais. Essa permissividade, segundo críticos, amplia o espaço para a desinformação e enfraquece valores como igualdade e respeito à diversidade. Até um advogado que prestou serviços à Meta teceu duras críticas a Zuckerberg pela decisão motivada por evidente conveniência política.

Como se não bastasse, conforme destacado em reportagem do UOL, a Meta tem adotado estratégias que visam maximizar o tempo de uso de suas plataformas, chegando a considerar o sono dos usuários como rival. Essa postura evidencia uma manipulação dos hábitos dos usuários em favor de interesses lucrativos.

Tais incoerências refletem o alerta de Jesus em Mateus 15:14 sobre condutores cegos, que conduzem a sociedade por caminhos confusos e moralmente questionáveis. Figuras influentes como Musk e Zuckerberg, embora aleguem defender a verdade, revelam uma desconexão entre o que proclamam e o que praticam. Ao priorizar o lucro e interesses pessoais e/ou politico-ideológicos, demonstram não ter integridade moral suficiente para evitar a disseminação de mentiras e o enfraquecimento de valores éticos fundamentais.

O discernimento é a chave para fazer as máscaras caírem. Em meu artigo Discernimento: a chave para vencer a mentira secular e espiritual, exploro como essa habilidade essencial pode nos capacitar a reconhecer a mentira nas palavras e ações de líderes influentes. Quando aprendemos a enxergar além das máscaras, não somos facilmente enganados por guias cegos. Se mais pessoas desenvolvessem esse discernimento, figuras como Musk e Zuckerberg talvez não encontrassem tanto eco em boas pessoas iludidas por uma aparência de compromisso com a ética e a verdade.

Como costumo dizer, o que me consola é saber que está cada dia mais próximo o momento em que toda essa baderna ética e moral será expurgada do mundo. Daí veremos quem tinha razão. Tenho certeza de que para mim será um dia agradável e feliz. Espero que seja para você também.

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4 comentários em “‘Condutores cegos’: os influenciadores e o alerta do Salvador

  1. Por que você não falou também de Donald Trump no seu artigo? Ele é o maior incentivador dessas coisas malignas. Para mim, inclusive, ele é um dos anticristos de que você fala em outro artigo. Ele também deveria estar citado neste.

    1. Quando escrevi o artigo, o mundo ainda estava sob o impacto da decisão da Meta de copiar o X e suspender a verificação de fatos. A posse de Trump, com seu discurso ultra-nacionalista quase nazista, veio depois. Talvez eu ainda atualize o artigo com essa informação. Obrigado por opinar.

  2. O que mais me causa espanto nem é saber que existem tais figuras no mundo, e sim que há quem os defenda e fique procurando justificativas para suas ações. Acredito que essas pessoas jogam sua inteligência na privada quando escolhem fechar os olhos para o que hipócritas como Musk e Zuckerberg fazem. Aliás, se pararmos para pensar, não é o mesmo que fazem os que adotam políticos de estimação? Sei lá, parece que esses “líderes” exercem algum tipo de poder hipnótico sobre as pessoas pra elas ficarem cegas a esse ponto. Triste!

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