Não consegue convencer um ateu de que o aborto é um erro? Você está fazendo errado!

Publicado em 24 de fevereiro de 2016 e atualizado em 14 de fevereiro de 2024

Por JONATHON VON MAREN

Mãos de um pai segurando os pés de uma criança de três semanas de vida e fazendo com as mãos forma de coração

Um dos erros básicos que os cristãos cometem ao engajar-se na guerra moral é dividir a verdade em duas categorias: “verdade secular” e “verdade de Deus”. Essa abordagem está errada. Toda verdade é de Deus, portanto construir argumentos científicos usando fatos da embriologia na verdade é construir argumentos cristãos. Quando, como alguns cristãos fazem, admitimos que a embriologia é uma esfera “secular” de pensamento, validamos as alegações dos secularistas e nos aprisionamos ao ponto de vista binário com o qual eles espertamente têm nos derrotado.

A Criação é feita do físico e do metafísico e tudo é controlado pelo Criador. Os cristãos não devem cair na armadilha de conceder aos secularistas autoridade intelectual sobre o físico só porque alegam tê-la. Não é como se o milagre de uma nova vida humana se desenvolvendo no útero fosse só parte da esfera secular e a competência cristã ficasse restrita a anjos e coisas assim. A perspectiva cristã é completa e abrangente. Em defesa da realidade como ela é, os cristãos podem apelar à verdade em todas as suas formas.

O binário Cristão-Secular funciona muito bem para os secularistas em debates políticos e tem sido eficientemente usado na guerra moral, mas tais argumentos falham no que diz respeito ao mundo real. Por exemplo, acadêmicos secularistas podem alegar que a anarquia moral da Revolução Sexual foi uma libertação de total sucesso, mas isso não muda o fato de que dúzias de novas doenças e infecções sexualmente transmissíveis surgiram desde então, algumas mortais. Para cada ação há uma reação de igual intensidade e sentido contrário. Tal verdade não é simplesmente espiritual ou metafísica, mas também muito natural e física — como vemos toda vez que os alertas de Deus são ignorados. O secularismo pode não reconhecer o conceito de pecado, mas não tem como ignorar a existência da herpes.

É exatamente por isso que é tão importante para os cristãos armarem-se com uma variedade de argumentos e aprender como debater com os ateus nos assuntos cruciais de vida-ou-morte de nossos dias. Muito frequentemente os cristãos se restringem ao seu ponto de vista, como se a crença em Deus de alguma forma limitasse o escopo da argumentação. Isso está muito errado. Ao invés, o fato de os cristãos poderem ver a verdade mais amplamente, reconhecendo o natural e o sobrenatural, nos dá ampla vantagem.

Ainda assim, temos que aprender a debater com os secularistas em termos que eles entendam. Em muitas das batalhas morais, o que está literalmente em foco são vidas. Ao nos recusarmos a sermos astutos como serpentes e gentis como cordeiros, geralmente ignoramos o fato de que não se trata de meros argumentos — trata-se de vidas humanas.

Por exemplo, o aborto provavelmente é o assunto mais simples de se debater com ateus porque o caso contra o aborto diz respeito a direitos humanos. A pessoa pode não entender o conceito de pecado, mas certamente entende o conceito de injustiça. O conhecimento sobre quando a vida humana começa é facilmente acessível a qualquer um. Explicar que qualquer filosofia consistente sobre direitos humanos precisa fazer valer esses direitos a partir de quando a vida começa é tarefa fácil.

Há outro método de argumentação que gosto de usar ao debater com ateus sobre aborto e que acho bastante eficaz: apelar à legislação baseada em ciência, ladainha que os seculares esnobes amam ficar repetindo quando problemas da moda, como aquecimento global, aparecem na conversa. Destaco que todos devemos concordar que, independente da opinião de alguém sobre o papel do governo, o papel essencial dele é proteger os fracos dos fortes e assegurar direitos humanos. Certamente tais leis devem ser baseadas em ciência — e a ciência nos diz precisamente quando novos seres humanos vulneráveis, os menores membros de nossa sociedade, passam a existir.

A ideia mistificadora de que a ciência de alguma forma apóia a posição pró-aborto, promovida pela mídia e pela indústria do entretenimento, só é amplamente apoiada porque raramente é desafiada. Na verdade, a posição pró-aborto é fraca e subjetiva — e quase todos os defensores do aborto pensam diferente: alguns pensam que deve ser legal até o momento do nascimento, enquanto outros acham que apenas nos estágios iniciais da gravidez; alguns acham que deve ser legal enquanto não for inviável, outros até que o feto possa sentir dor. Quando discuto o aborto com quem diz ser a favor, sempre tenho que lhe pedir que explique sua posição, pois ela é extremamente imprecisa.

Então o que precisa ser levado em consideração quando legisladores se reúnem para discutir políticas: as posições pró-aborto, que são tão fáceis de apontar quanto dizer um oi, ou a filosofia da posição pró-vida, baseada em ciência e coerente com direitos humanos? Talvez houvesse ignorância quanto à vida no útero quando o aborto foi legalizado, mas agora temos tecnologia de ultrassom, filmagem embrioscópica e sonogramas, sem falar em sólido consenso científico. Debati com diversos ateus em câmpus universitários e, após longas discussões, eles admitiram que, por qualquer padrão razoável, legislar sobre a frágil e cientificamente analfabeta moralidade da ideologia pró-aborto é um erro.

Há também outro ponto a ser considerado aqui. Geralmente os ativistas pró-aborto tentam alegar que, uma vez que a a posição pró-vida frequentemente é defendida por cristãos e vivemos uma sociedade secular e multicultural, o movimento pró-vida precisa ser ignorado. Tal tentativa de se evadir do debate é ridiculamente falha. O fato de vivermos numa sociedade multicultural e diversa com um governo secular é outro forte motivo para termos leis que reflitam uma consistente filosofia de direitos humanos que proteja todo e cada um de nós desde o início de nossas vidas.

Afinal, numa sociedade que abriga numerosas religiões, culturas e sistemas de crença, é primordial que o governo adira a uma filosofia de direitos humanos que garanta a segurança de todos. Quando a sociedade engloba dúzias de diferentes culturas, diferindo umas das outras das mais variadas formas, algumas até drásticas, é ainda mais essencial para o governo dessa dita sociedade garantir que os direitos humanos de todo e cada ser humano sejam respeitados. Não pode haver igualdade e segurança para ninguém quando alguns negam direitos humanos baseados na terminologia subjetiva e excludente da “personalidade”, etiqueta discriminatória que tem sido usada apenas para vitimizar quem não se abriga sob esse guarda-chuva.

Argumentos desse tipo são tremendamente eficazes no debate com secularistas. Com frequência os cristãos acham que o ceticismo daqueles com quem interagem é uma barreira automática para qualquer discussão de assuntos cruciais como aborto. Não é o caso. Esses assuntos devem ser discutidos. Tenho visto muitos secularistas tornarem-se pró-vida como resultado dessas discussões. Frequentemente, isso vai além. Os que foram apresentados a alguma pequena parte da verdade começam a se perguntar o que mais pode ser verdade. Os que percebem quão amplamente insidiosa era sua defesa do aborto começam a se perguntar no que mais estão iludidos. Muitas vezes temos visto que abrir apenas uma fresta da porta pode permitir a entrada de muita luz na escuridão.

E esse, afinal, é o ponto.

Artigo original em inglês traduzido e publicado com permissão.

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5 comentários em “Não consegue convencer um ateu de que o aborto é um erro? Você está fazendo errado!

  1. Grande artigo, mas foi se o tempo que perdia meu precioso tempo nesses debates sem sentido. Hoje me concentro em viver o evangelho e ensinar e proteger minha familia. Não é um dia para muitas palavras, cada um vai ter que responder muito em breve ao Criador. Perdi a fé nas pessoas e somente o bem estar dos meus e dos próximos a mim me interessa. Deixo cada um a cargo do Salvador, debater com essas pessoas é jogar pérolas ao porcos.

  2. Olá Marcelo, eu me interesso muito por este assunto polêmico “Aborto”. Gostaria muito de poder argumentar não só com ateus mas com qualquer pessoa que defende esse ato tão cruel..
    Eu achei o texto muito difícil de ser lido, muito técnico. seria interessante se a abordagem fosse mais coloquial e com exemplos. Seria perfeito se tivéssemos palestras sobre o assunto.

    Obrigada,
    Lígia

    1. Querida irmã vou compartilhar com vc algo que aprendi: Debater com esse tipo de gente é perda de tempo! Melhor resposta: Eu não concordo com o aborto por que não quero!! Por convicção religiosa, sendo que pela Constituição meu direito religioso é garantido, ateus são ignorantes que acham que são sábios. Se até Deus disse que não contenderá pra sempre com o homem imagine nós. Abs

      1. Obrigada irmão Francisco pela dica! Respeito sua opinião porém, tenho um espírito nato na busca do conhecimento e desejo estar preparada para defender princípios que julgo correto. Eu usei a palavra argumentar e não discutir. A discussão não é positiva em nenhuma ocasião por causa da perda do Espírito.Eu também acho que na maioria das vezes é perda de tempo argumentar com pessoas orgulhosas, mas temos o dever de defender aquilo que acreditamos e podemos defender nosso ponto de vista assim como eles.

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