Publicado em 11 de janeiro de 2009 e atualizado em 1 de dezembro de 2023
Sou uma pessoa deveras ocupada. Minha única e principal ferramenta de trabalho — o computador — geralmente fica ligada cerca de 17 horas por dia. As outras 7 costumam ser as horas que passo dormindo. Ou seja, do momento em que acordo até o momento de dormir, o computador trabalha sem parar, seja no desempenho de meu trabalho ou, em bem menor escala, na leitura de notícias ou em algo que me relaxe a mente. É óbvio que tenho minhas pausas para refeições, lanches, cochilos, família, saídas, etc., e é justamente por isso que preciso estender minhas horas de trabalho até tarde da noite para dar conta de tudo que me proponho a fazer.
Enquanto estou trabalhando preciso manter um elevado nível de concentração, o que, não raro, drena boa parte de minhas energias. Nesses momentos, costumo esquecer tudo que não diga respeito ao foco de minha atenção. O esquecimento não é voluntário, e sim fruto da necessidade de me manter concentrado. O problema é que essa concentração costuma durar a maior parte dessas 17 horas diárias de atividade, de modo que, às vezes, outras necessidades são involuntariamente deixadas de lado. Não raro, isso gera atritos familiares quando tende-se a achar que meus esquecimentos são intencionais ou fruto de uma suposta indiferença de minha parte.
Em um domingo recente, quando cheguei à Igreja para a primeira das reuniões dominicais, dei-me conta de que havia esquecido uma importante prioridade: estudar o capítulo do manual Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith que seria lecionado naquele dia. Isso porque passei boa parte do sábado anterior concentrado em uma importante atividade ao computador — não era trabalho, mas era voltada a atender uma necessidade familiar — e pouca coisa além disso encontrou espaço em minha mente. Quando a hora de me recolher chegou, eu estava mentalmente exausto demais para lembrar que ainda havia uma última responsabilidade a cumprir.
Na manhã seguinte, quando me dei conta disso, um sinal de advertência se acendeu em minha mente. Senti-me mal por ter esquecido de estudar a lição do manual porque eu poderia ter sido requisitado a dá-la na classe do sacerdócio caso houvesse um desfalque de professor. Como membro do sumo-conselho de minha estaca, é minha responsabilidade estar sempre com lições e discursos preparados na eventualidade de ser necessário substituir um professor ou discursante faltoso. E hoje falhei com essa responsabilidade.
Ponderando a respeito, percebi que, nos últimos tempos, as distrações têm se colocado à minha frente em maior volume e com mais insistência. Infelizmente, o evento de hoje não foi único, mas precisa ser o último.
É sabido que essa é uma das táticas usadas pelo inimigo — que não é imaginário nem figurativo, mas bem real — para distrair nossa atenção e, em última instância, nos afastar do Espírito e de Deus. Sabemos que ele não descansa enquanto não consegue nos fazer cair. No caso de um irmão bem próximo a mim, essa queda foi e está sendo dramática e traumática para ele e sua família. E é justamente isso que nosso inimigo quer: tornar-nos tão miseráveis quanto ele próprio (veja 2 Néfi 2:27).
Se não tomarmos cuidado, o estudo do Evangelho ficará cada vez mais em planos inferiores. Esse pode ser o primeiro passo na direção do pecado e/ou da apostasia.
Tudo isso passou-me pela mente enquanto ponderava. Assustei-me com o tamanho do risco ao qual estava me expondo sem perceber. Que bom que acordei em tempo.
Durante o Sacramento de hoje, pedi ao Senhor perdão e ajuda para resistir às distrações que estavam começando a me fazer esquecer a necessidade de manter um estudo regular e consistente do Evangelho. Em resposta, o Senhor me inundou com um sentimento de paz e de que meus pecados estavam perdoados, mas deixou em minha mente um alerta muito claro: “Se não te acautelares, cairás”.
Fico feliz e grato por saber que sou digno da atenção e do amoroso cuidado do Senhor e que Ele me aconselha pessoalmente sobre os rumos que devo tomar. Este blog e meu diário pessoal reservado estão repletos de relatos de interações Dele comigo, demonstrando que vale a pena manter-se digno da intercessão Dele em nosso favor. Se posso neste momento deixar com o leitor um conselho é o de que vale a pena voltar-se para Deus, mudar de vida e ser digno das bênçãos que, de outra forma, não se obtém. Faça o teste e diga-me depois se não tenho razão!