Minha Missão de Tempo Integral: Porto Alegre, julho de 1986

E eu lhes disse: Haveis perguntado ao Senhor?

E eles responderam: Não perguntamos, porque o Senhor não nos dá a conhecer estas coisas. (1 Néfi 15:8,9)

Nunca pensei que ficaria triste por ver uma escritura ser cumprida em mim. Mais uma vez, o exemplo de Néfi encaixou-se como uma luva em minha situação perante meus pais. Desta vez, manifestaram seu inconformismo com minha atitude de ter ido para a missão e disseram que queriam conhecer o que Deus pensa a respeito. Então fiz a eles a mesma pergunta que Néfi fez a seus irmãos incrédulos. Por incrível que pareça, a resposta foi idêntica à de Lamã e Lemuel, conforme transcrita acima.

Temo que o destino de meus pais venha a ser o mesmo que o dos irmãos de Néfi.

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Minha Missão de Tempo Integral: Porto Alegre, junho de 1986

Os missionários de meu distrito e eu
Os missionários de meu distrito e eu (à esquerda)

Nas entrevistas, o presidente da missão sempre me pergunta coisas sobre meu companheiro, minha família e sobre mim próprio. Conforme as respostas, dá conselhos sobre o que precisa ser melhorado. Mas não desta vez. Minhas respostas deixaram-no sem palavras. Houve um momento em que confessou: “Estou procurando algo para pegar no seu pé, mas não achei nada”. Segundo ele, eu estava tão perfeitamente encaixado em meus deveres que não havia necessidade de correções ou conselhos. Foram poucas as palavras, mas muitos os sentimentos. Prova disso foram as palavras com que concluiu nossa entrevista: “Continue crescendo, e continue sendo um exemplo”.

Até este ponto de missão já tive experiências espirituais fantásticas. Memoráveis. Mas nenhuma como a que aconteceu neste mês, quando recebi uma fantástica revelação em favor de um de nossos pesquisadores. Aliás, ele já foi motivo de diversas manifestações espirituais. Trata-se de um pai de família que nos era motivo de muitas orações e preocupações por ser alguém que, sabíamos, é muito especial para o Senhor, por algum motivo. Ele tem testemunho sobre a Igreja e a frequenta regularmente, mas, dezenas de visitas, palestras e orações depois, reluta em se batizar.

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Minha Missão de Tempo Integral: Porto Alegre, maio de 1986

Meu presidente de missão, eu e o Élder F. Burton Howard
Da esquerda para a direita: meu presidente de missão, eu e o Élder F. Burton Howard

Fiz aniversário neste mês e recebi muitos cumprimentos de pessoas que estamos ensinando e de membros da Igreja, dos quais ganhei um bolo. Mas a lembrança mais marcante foi a de meus próprios pais, cujo telegrama chegou junto com outros dois, um da esposa do presidente da missão e outro de vovó. Apesar da satisfação de saber que havia pessoas interessadas em mim, senti uma ponta de tristeza por estar distante de minha família.

Houve uma conferência com uma autoridade-geral da Igreja, o Élder F. Burton Howard. Ele nos ensinou uma imensidão de coisas relativas ao Livro de Mórmon e de como tirar dele lições práticas para a missão. Vi que não há melhor manual missionário que o Livro de Mórmon. Tomando os exemplos de Lamã, Lemuel, Sam e Néfi, comparou o comportamento de missionários de êxito e de fracasso numa inesquecível lição de conduta que pode ser resumida no seguinte quadro:

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Minha Missão de Tempo Integral: Porto Alegre, abril de 1986

Meu primeiro companheiro júnior e eu
Meu primeiro companheiro júnior e eu

Fui transferido no início do mês, ganhando o novo chamado de sênior que tanto queria. Ganhei também meu primeiro companheiro americano, Elder Bagley, que está há apenas dois meses na missão e no Brasil.

Logo deu para sentir o peso da responsabilidade de ser sênior. Dirigir o trabalho e tomar decisões não é fácil, especialmente quando o companheiro fala pouco o português. Carga e desgaste são maiores.

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Minha Missão de Tempo Integral: Alegrete, março de 1986

Em dia de conferência de zona
Em dia de conferência de zona

Uma jovem adolescente queria ir a uma festa com um amigo que integrava uma turma “da pesada”. Seu pai não permitiu que fosse. A moça garantiu que nada faria de errado, mas seu pai não mudou de idéia. Diante das muitas súplicas e insistências da moça, seu pai resolveu lhe dar uma lição. Já pronta para a festa, toda arrumada e perfumada, ele lhe pediu que fosse buscar uma linguiça no porão da casa, onde a família guardava muita carne defumada. A moça protestou: “Se eu entrar lá vou sair fedendo a carne defumada!” O pai concluiu: “Da mesma forma, se você for a essa festa, não sairá de lá tão moralmente limpa quanto estava ao entrar”.

Moral da história: não há como deixar de sermos influenciados pelos erros alheios quando convivemos com eles. De um modo ou de outro, acabaremos afetados mesmo quando não somos nós que tomamos as decisões.

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