Minha Missão de Tempo Integral: Maceió, agosto de 1987

O último distrito que liderei e eu (segundo da direita p/ esquerda)
O último distrito que liderei e eu (segundo da direita p/ esquerda)

Fazia parte de nossa área Nova Restinga, em Porto Alegre, um bairro afastado chamado Belém Novo. Chegar lá levava uma hora, em média. Voltar era ainda mais demorado, pois o mesmo ônibus que leva não traz de volta e tínhamos que ir até o centro da cidade para lá pegarmos o que vai para Restinga.

Tentávamos voltar de Belém Novo numa noite em que os ônibus não paravam no ponto por estarem completamente lotados. Ficamos esperando o mesmo tempo que levamos para chegar lá, sem sucesso. Minha preocupação era com uma palestra para a qual já estávamos atrasados e eu não queria perdê-la de jeito nenhum. Nossa única alternativa para não perder o compromisso era tomar táxi, com o qual chegaríamos em dez minutos. O problema é que táxis são caros e me pareceu que não deveria gastar um dinheiro que me faria falta depois.

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Minha Missão de Tempo Integral: Porto Alegre, julho de 1987

Meu último companheiro na missão e eu
Meu último companheiro na missão e eu

Eis-me de volta à minha amada Porto Alegre. Depois de minha terra-natal, São Paulo, esta é a cidade de que mais gosto neste país. Há muito havia em meu coração o desejo de terminar a missão aqui e o Senhor me concedeu essa bênção. Prometo-Lhe que, em troca, farei tudo para transformar este pedaço da cidade numa área de sucesso.

Confirmando o que eu já sabia, o relato que me fizeram do trabalho aqui não foi nada animador. Trata-se de um conjunto habitacional chamado Nova Restinga, uma área territorialmente pequena e que já foi praticamente varrida pelos missionários anteriores. Dizem que mais da metade dos habitantes deste conjunto já foi batizada na Igreja, embora muitos sequer se lembrem disso.

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Minha Missão de Tempo Integral: Santana do Livramento, junho de 1987

Nem o frio intenso me impediu de entrar na água congelante para batizar esse casal especial
Nem o frio intenso me impediu de entrar na água congelante para batizar esse casal especial

Quando eu era um missionário novo, ouvi de outro em fim de missão: “A missão tem uma desvantagem: quando você está pronto para dar tudo de si, sabendo tudo o que tem direito, afiado em todas as técnicas, ou seja, sendo um missionário poderoso, é hora de voltar para casa”. Sinto diariamente o quanto estava certo. À medida em que o fim se aproxima, melhor missionário me torno. Queria poder voltar no tempo e começar a missão novamente sendo como sou hoje.

Temos terminado nossas semanas de trabalho satisfeitos com o sentimento de dever cumprido. Após terminar uma de nossas reuniões de planejamento semanal, testifiquei a meu companheiro: “A cada dia que passa, tenho uma certeza cada vez mais forte de que estamos fazendo um grande trabalho. É gratificante para mim estar em Livramento e ter você como companheiro. Você está me ajudando a crescer e espero estar te ajudando também. Sou muito feliz por tudo isso”.

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Minha Missão de Tempo Integral: Santana do Livramento, maio de 1987

A linha divisória entre Brasil e Uruguai corta a praça ao meio. Do lado de lá é Rivera, no Uruguai.
A linha divisória entre Brasil e Uruguai corta a praça ao meio. Do lado de lá é Rivera, no Uruguai.

O mês começou com a substituição de uma das duplas de sísteres por uma de élderes. É pena, já havia me habituado ao trabalho delas. Pelo que observei das que passaram por meu distrito, elas podem não ter tanta disposição para horas de proselitismo e número de palestras, mas sabem acompanhar melhor suas famílias do que a maioria dos élderes que conheço. Isso certamente se deve ao fato de serem mulheres. Elas são mais sensíveis às necessidades das pessoas, mas talvez o sacerdócio esteja sendo necessário na área que era delas. Vamos esperar para ver.

Neste mês houve uma conferência de zona, na qual, em entrevista, o presidente fez o seguinte comentário a meu respeito:

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Minha Missão de Tempo Integral: Santana do Livramento, abril de 1987

Em meio ao campo coberto pela geada, a temperatura era de -4º C
Em meio ao campo coberto pela geada, a temperatura era de -4º C

Aconteceu numa entrevista batismal. Duas das missionárias de meu distrito haviam terminado de ensinar uma jovem de 15 anos que estava pronta para o batismo. Em contraste com o negror de sua pele, enxerguei com os olhos espirituais a luminescente alvura de seu espírito. A última das perguntas que lhe fiz, como de praxe nas entrevistas batismais, foi: “Por que você quer ser batizada?” Em resposta, ouvi palavras de surpreendente sinceridade e espiritualidade, como nunca pensei ouvir da boca de um candidato ao batismo: “Porque quero servir ao Senhor”.

Aquela pequena jovem de pele escura deve ser muito especial aos olhos do Salvador. Tive o privilégio de discursar sobre os princípios do evangelho em sua reunião batismal. O Espírito me compeliu a contar a experiência da entrevista e de como enxerguei seu espírito, o que provocou uma manifestação do Espírito do Senhor tão forte que levou alguns dos presentes às lágrimas.

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