Holanda, Inglaterra ou Brasil: que dilema!

Referente a outubro de 1998

Quando estiver escrevendo novamente, no fim do próximo mês, já estarei de volta ao Brasil. Estou ansioso por isso. Viver na Europa está sendo uma experiência fascinante, mas nenhum lugar é como nossa própria casa, junto de nossa própria família, em meio a nossas próprias coisas.

O trabalho segue a passos largos. Estive na Alemanha com alguns colegas de trabalho para fazer uma apresentação para uma grande empresa sediada na cidade de Lippstadt. Tudo indica que sairemos vencedores da concorrência, o que significa que teremos muito trabalho pela frente.

Estamos também participando de outra concorrência, desta vez para o Citibank. As possibilidades são muitas.

Numa conversa informal, há poucos dias, meu chefe inglês disse-me que terei que escolher onde vou querer morar. Ele acha que não vou gostar de morar aqui na Holanda e que eu iria gostar muito mais da Inglaterra. Ora, se é para lá que pretende ir e acha que vou gostar mais de lá do que daqui, para mim está claro que ele me quer por perto. Falamos até da questão do visto de permanência (a Inglaterra é um país muito rigoroso neste aspecto), mas ele garantiu que isso não seria problema no meu caso.

Bem, estarei voltando para o Brasil com vários desafios a enfrentar. Escolher onde vou querer morar é um deles. Adriana está empolgada, pois a Inglaterra é exatamente onde planeja fazer seu doutorado e, por que não, viver lá comigo caso eu já esteja lá.

Nunca pensei que enfrentaria um dilema desses alguma vez na vida. Estou dividido. Não estaria não fosse meus pais que, ficando velhos e doentes, precisam de minha atenção. Tenho alguns meses para pensar e ver se será mesmo necessário.

Estarei deixando a Europa entendendo um pouco melhor a natureza humana. Tive a oportunidade de ver que os povos são muito mais parecidos uns com os outros do que supunha, limitado pelo campo de visão de quem nunca havia saído do próprio país. Mesmo num país que é um dos mais ricos do mundo, as pessoas têm mais ou menos os mesmos hábitos, conceitos e pensamentos que estava habituado a ver dentre meu próprio povo.

A convivência com Frans também ajudou-me a entender melhor os holandeses e seus costumes. É pena que, sem falar holandês, não tenha podido ser mais sociável.

A distância e a saudade fizeram-me ver que Adriana é uma mulher que me faz muita falta e serviu para reafirmar meus sentimentos por ela. Se já não tinha dúvidas a respeito, agora as tenho menos ainda.

Estou chegando ao fim desta etapa mais evoluído como pessoa e como profissional. Como eles mesmos aqui afirmaram, agora estou me tornando internacional, um mérito que não devo a outra coisa senão a mais uma das bênçãos desmerecidamente recebidas de Deus. Disso, aliás, não tenho dúvidas, e ainda vou cravar meus joelhos no chão em gratidão por isso.

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