‘És tu maior que Ele?’

Lembro-me de uma manhã em que eu havia descoberto um casulo na casca de uma árvore no momento em que a borboleta o rompia e se preparava para sair. Esperei bastante tempo, mas estava demorando muito e eu estava com pressa. Impaciente, comecei a ajudá-la a abrir o casulo, imaginando ser ele o responsável pelo retardo ou impedimento do processo de nascimento da borboleta. Graças à minha intervenção, o milagre da vida começou a acontecer diante de mim mais depressa que o natural. O invólucro foi aberto e a borboleta se arrastou para fora. Com seu corpinho ainda trêmulo, lutava para desdobrar as asas. Coloquei-a em minha mão e tentei ajudá-la várias vezes. Mas o desdobrar das asas deveria ser feito devagar, ao sol. Era necessária uma lenta maturação. Ela se agitou em desespero e, alguns segundos depois, morreu na palma da minha mão. Nunca hei de esquecer o horror que senti ao dar-me conta de que meus bem intencionados cuidados obrigaram a borboleta a nascer antes do tempo. Fiquei com um tremendo peso na consciência. Compreendi que não podemos nos apressar e ficar impacientes. Temos que seguir com confiança o ritmo da eternidade. Tive esta experiência com 9 anos e jamais a esqueci.

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