Publicado em 14 de outubro de 2007 e atualizado em 5 de março de 2024
Referente a agosto de 1999
Estou de volta à Europa para prosseguir com a meta de iniciar nosso trabalho no Brasil, se possível ainda este ano. Estou neste momento na pousada Les Vieux Chênes, que fica num lugarejo chamado Festes et Saint André, encravado no meio das montanhas na região dos Pirineus, sul da França, fazendo parte de um grupo formado pelas pessoas mais importante da empresa, reunido para trocar idéias e buscar soluções para dificuldades específicas na área de trabalho de cada um.
No mês que vem estarei na Alemanha para participar da instalação de novos cursos para as empresas que são nossas clientes naquele país. Com esse conhecimento poderei supervisionar esse mesmo trabalho no Brasil num futuro próximo.
Este retorno à Europa representa mais do que uma simples viagem que combina lazer e trabalho: pode estar também selando meu destino. Antes de viajar, meu chefe inglês me enviou uma mensagem dizendo:
Pense nesta viagem como uma chance para decidir entre firmar a empresa no Brasil, como o diretor-geral no comando do show, ou ficar na Europa e abrir seu caminho aqui.
Já não é a primeira vez que ele me sonda nesse sentido. Tenho a impressão de que, por algum motivo, ele me quer por perto dele. Minha resposta:
Sempre considerei a Europa como minha melhor opção caso as coisas não dêem certo no Brasil. Espero não ter que escolher antes dessa tentativa. Eu certamente adoraria viver na Inglaterra, mas não posso fechar os olhos para a chance de tentar ganhar dinheiro no Brasil. De qualquer forma, quero ser útil para a empresa onde quer que seja.
Foi imbuído desse espírito empreendedor que embarquei numa longa viagem de 27 horas divididas entre 10,5 horas em três aviões (Maceió-Recife, Recife-Lisboa e Lisboa-Paris), 6 horas em dois trens (Paris-Toulouse num TGV e Toulouse-Carcassonne num trem comum), 30 minutos de carro (Carcassonne-Limoux) e o restante do tempo em salas de espera de aeroportos e estações de trem. Ainda vai demorar para que haja no mundo um meio mais rápido de se chegar onde se quer. Neste momento estou no Café Facilitat, em Bouriège, meu destino final nessa longa viagem de retorno à Europa. O café é de propriedade de Jörg, um alemão que é um de meus colegas de trabalho.
Tomei a decisão de voltar a tocar um instrumento musical. A idéia veio à mente ao observar meus dois gestores tocando descontraidamente suas guitarras acústicas no café do Jörg. De repente, meu eu musical falou alto dentro de mim e me fez desejar estar ali, tocando com eles. Esse desejo me fez lembrar da época em que toquei um instrumento que aprecio muito, o baixo elétrico. Lancei a idéia de tocar com eles e formarmos uma banda de jazz, que foi prontamente aprovada e apoiada, e então tomei a decisão. Pretendo comprar o instrumento tão logo volte ao Brasil e começar a estudar, ou melhor, relembrar o que aprendi.
Como a vida não é feita só de lazer e música, de volta ao trabalho.