Publicado em 1 de janeiro de 2007 e atualizado em 28 de fevereiro de 2024
Esta área está sendo uma bênção em minha missão. Meu novo chamado como Líder de Distrito (LD) está me ajudando a ser melhor missionário e melhor pessoa. Nisso estão meus olhos, meus pensamentos e meu coração.
As experiências espirituais têm-se multiplicado aos borbotões. Aplicando os princípios que nos foram ensinados na última conferência pelo presidente da missão, já deu para sentir uma diferença na espiritualidade das palestras. Uma delas, para uma nova família, desfrutou de uma presença tão forte do Espírito que não houve quem não identificasse “um sentimento de leveza e calma” que enchia aquele ambiente e fazia até o pirracento de um dos filhos do casal se calar para prestar atenção ao assunto. Esse foi um grande testemunho para mim. Senti-me naquele momento como um verdadeiro professor da verdade, dividindo com meu companheiro o privilégio de possuir poder e autoridade divinos para levar milhares de almas ao arrependimento. Estou finalmente entendendo o significado de “pregar meu evangelho pelo Espírito” (D&C 50:14). É verdadeiramente um alívio ensinar sem a preocupação de provar que falamos a verdade, bastando apenas prestar nossos testemunhos e deixar o Espírito fazer o resto.
Falando em privilégios, não sei se posso dizer isso, mas tive o “privilégio” de conhecer um satanista assumido. O homem nos convidou para entrar em sua casa e mostrou o aposento onde realiza seus rituais satânicos. Lá estavam muitas imagens de santos da igreja católica e de homenzinhos vermelhos, chifrudos e de cauda pontiaguda, tal como o imaginário popular supõe ser o diabo. Havia também caveiras humanas e velas de todas as cores. Apesar de adorador de Satanás, disse crer em Deus e em Jesus Cristo — faz sentido, já que Lúcifer sabe bem contra Quem se rebelou. Todavia, o bode velho levou aquela pobre alma a crer que o que fazia é um modo de adorar a Deus porque “cada um tem seu modo de adorá-Lo e o meu é este”. Infelizmente, nosso contato com aquele homem foi infrutífero. Que o Senhor tenha piedade de sua alma.
Aquele homem nos apareceu como resultado de contatos feitos de porta em porta. Bater às portas não era do meu feitio, pois desde o começo de minha missão tive aversão a esse procedimento, talvez por ser tímido e por não ter boas idéias e técnicas de como abordar pessoas para falar do Evangelho. Agora, porém, desde quando cheguei a Pelotas, uma das coisas que mais gosto de fazer é bater em portas e abordar pessoas na rua, porque aprendi que a chave é a simplicidade, como nosso presidente nos ensinou na última conferência. Desde então, não encontrei mais qualquer um que, por preconceito ou temor, se recusasse a nos ouvir, como acontecia muito antes. Tem sido muito fácil entrar nas casas das famílias e falar-lhes de Jesus Cristo, do Profeta Joseph Smith e do Livro de Mórmon, e tudo porque a simplicidade me trouxe coragem. Quando bato à porta de alguém, digo apenas: “Somos missionários da Igreja de Jesus Cristo e gostaríamos de deixar uma mensagem sobre Ele. Podemos?” Ainda não ouvi um “não” como resposta. Com isso, já entramos nos lares de famílias das mais variadas e exóticas religiões, como no caso citado acima.
Uma das famílias que ensinamos recentemente é de luteranos ativos, que também encontramos batendo em portas. O Espírito foi fortíssimo enquanto falávamos de Joseph Smith e do Livro de Mórmon. A julgar pelos sentimentos que acompanharam nosso testemunho, os quais todos reconheceram ser oriundos do Espírito, eles próprios foram capazes de testificar que Joseph Smith é um profeta de Deus. Esse foi mais um dos muitos milagres que por meu intermédio se realizaram em minha missão. Daí pode-se imaginar como me sinto feliz. Um de meus propósitos na missão é transmitir tal felicidade ao mundo e convidá-lo a ser feliz também.
E pensar que Pelotas era vista pelo restante dos missionários como “o buraco da missão”. Nunca dei tantas palestras desde que cheguei ao campo missionário! Creio que o problema desta área era a carência de uma dupla de missionários disposta a trabalhar duro, como nós. Devo reconhecer que meu companheiro tem sido fundamental para a elevação espiritual desta área. Tenho certeza de que o Senhor está confiando ainda mais em nós agora.
Prova disso veio em mais uma experiência vivenciada no trabalho de ensinar famílias. Em meio a uma das palestras, aconteceu que o Espírito me deu um empurrãozinho, colocando em minha mente uma informação que eu precisava saber. Ensinávamos o que é o livro de Doutrina & Convênios para um casal onde o marido é fumante. Num dado momento da palestra, por algum motivo, a esposa resolveu mudar de assunto para expressar seu desagrado pelo vício do marido. Achei que seria uma excelente oportunidade de introduzir uma passagem de D&C que falasse sobre relacionamento familiar para testificar sobre a veracidade do livro. Queria uma que mencionasse o apego que deve haver entre marido e esposa e vice-versa, mas eu não conhecia nenhuma. Foi aí que o número “42” foi posto em minha mente, roubando todos os outros pensamentos. “Deve ser isso”, pensei. Encontrei no versículo 22 da seção 42 exatamente o que queria: “Amarás tua esposa de todo o teu coração, e a ela te apegarás, e a nenhuma outra”. Li essa escritura e expliquei que, mesmo que nosso cônjuge tenha vícios e defeitos, devemos amá-lo de todo o nosso coração. Foi imenso o efeito produzido nos presentes, mas não maior do que o produzido em mim mesmo por um simples detalhe: eu não sabia que na Seção 42 havia uma passagem falando disso.
No meio do mês ganhei companheiro novo. Naquele dia, enquanto aguardava sua chegada sozinho em casa, pus-me a reler o diário em busca de recordar como haviam sido meus primeiros meses na missão. Tive muitos problemas de companheirismo, a maioria causados por minha inexperiência no assunto e também por alguns defeitos pessoais. Em compensação, neste mês completei seis meses sem enfrentar o menor dos problemas em termos de relacionamento com companheiros. É porque há seis meses fui chamado sênior e passei a ter um maravilhoso companheiro júnior. Desde então, nunca mais tive problemas. Uma das conclusões a que chego é a de que ter responsabilidades amadurece as pessoas. Além disso, não tive mais que me preocupar com companheiros que quebravam regras, assim como sei que nenhum deles precisou ter tal preocupação em relação a mim.
Também ocorreu que a temperatura caiu. Ou melhor, desabou! Temos tido que trabalhar sob garoa constante, fortes ventos e muito frio. Nossos curiosos observadores se admiram de nossa coragem e determinação em não interromper o trabalho nem mesmo sob tais adversidades. Espantam-se em ver “dois jovenzinhos” abnegadamente enfrentando as adversidades climáticas para levar amor e paz aos lares, num trabalho que requer muita força de vontade e determinação. Quando nos perguntam por quê o fazemos, respondemos com firmeza: “Porque sabemos que o que ensinamos é verdadeiro”.
Recebemos em nosso distrito um casal missionário, vindo de Mato Grosso. É a primeira vez que um casal missionário trabalha em Pelotas. No dia em que chegaram quase não trabalhamos, pois o presidente mandou que desocupássemos nosso apartamento para que fosse cedido a eles. Mudamo-nos para o dos outros missionários, no qual não falta nada — só espaço. Além de distantes de nossa área de trabalho, estamos agora envoltos em total desconforto, num apartamento onde cada minúsculo espacinho tem que ser criteriosamente dividido e aproveitado. Coisas da missão.
Para compensar, tive meu primeiro contato com membros estrangeiros da Igreja. Um grupo vindo do Uruguai parou em Pelotas antes de seguir em caravana para o Templo de São Paulo. Eram cerca de cem pessoas, guiadas por seu presidente de estaca. Estávamos sós na capela, aguardando a reunião batismal de outros élderes, quando chegaram. Falando espanhol, o presidente me perguntou se poderiam usar a capela para realizar uma reunião sacramental antes de seguir viagem. Não tenho autoridade sobre esse assunto e ele sabia disso, mas na falta de alguém que decidisse tive que concordar, assumindo toda responsabilidade. Fiz questão de acompanhá-los de perto. Era a primeira vez que presenciava estrangeiros realizando uma reunião. Senti o Espírito bem forte entre eles. Chamou minha atenção a humildade com que devotavam ao Senhor sua adoração. Senti-me como entre os membros de minha própria congregação, pois por todos fui tratado com carinho e sincero amor. Foram sentimentos maravilhosos. Tudo correu bem. Então seguiram viagem abençoados pelo Senhor. Eu queria ter ido ao templo com eles.
A alegria que senti com aquele grupo de santos é a mesma que se tornou constante em meu trabalho. Minha mente se abriu para a realidade do chamado missionário, visualizando melhor a profundidade do mandamento de “[pregar] o evangelho a toda criatura” (Marcos 16:15). Minha boca se abre espontânea e automaticamente para falar da Igreja e do evangelho a todos que cruzam comigo. É interessante como as palavras saem tão naturalmente quanto qualquer outra que eu diga. Cada palavra, cada olhar, cada aperto de mão firme e gentil, cada oração, cada momento falando da Igreja às pessoas, faz meu peito arder e ser tomado de uma inexplicável alegria.
Sinto essa alegria até ao ensinar pessoas que sei que nem tão cedo terão condições de sequer entender o que é uma igreja, qualquer que seja ela, quanto mais que existe um evangelho e que foi restaurado em tempos recentes. Encontramos uma mulher, analfabeta, de mente tão vazia quanto a de um bebê. Alguém já tinha lhe ensinado alguma coisa sobre a Bíblia, pois, quando contamos que Joseph Smith foi visitado pelo Salvador Jesus Cristo, ela disse: “Ah, foi esse Jesus que repartiu a melancia quando o povo estava com fome”. Meu companheiro e eu tivemos que fazer muita força para não rir.
Pior ainda foi uma senhora ter dito que “os mórmons fazem lavagem de estômago”, referindo-se à lorota muito comum de lavagem cerebral que os críticos da Igreja espalham a nosso respeito. Ela também acredita que “Jesus Cristo foi um político que brigava com quem não era católico”.
Noutro momento, a alegria que senti foi por mim mesmo, por não estar iludido e cegado pelas crendices dos homens. Uma procissão de devotos de uma imagem a venerava pelas ruas. Adotaram-na como padroeira do bairro e esperança dos pobres. Puseram-na num altar e carregavam-na com cruzes e bandeiras, fazendo barulho com rojões e alto-falantes, com um sacerdote a gritar: “Viva Nossa Senhora de Guadalupe! Viva a mãe dos pobres e das comunidades! Dê-nos tua bênção, ó mãe de Deus!”. Ao passar do cortejo, pessoas saíam de suas casas com santinhos, crucifixos e imagens, na esperança de caírem nas graças sacrílegas de uma estátua de gesso. Senti-me como se presenciasse os israelitas infiéis aos quais Isaías dirigiu as palavras do Senhor: “Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não darei, nem o meu louvor às imagens de escultura” (Isaías 42:8).
Quando comparo a atitude desses pobres iludidos à da mulher que chorou de alegria ao saber que podemos ter uma família eterna, vejo o quão importante é estar em sintonia com o Espírito a fim de ser guiado por Ele até essas almas eleitas.
Oi Marcelo , esses missionários são meus avós também, gostaria de poder saber mais sobre como foi o trabalho missionário dos meus avós em pelotas,ficarei grato se você puder me mandar algo.Ficamos agradecidos por você relembrar essa história importante para nós familiares. Minha avó ficara muito feliz em ler esta história. Abraços .. Lehi Alves Pereira
Oie marcelo, meu nome é carolina alves batista e esses missionários na foto são meus avós sister e élder alves, nossa fikei muito surpresa quando vi a foto deles aki e gostaria de saber como vc os conhece se acaso vc me informar seu nome eu possa perguntar a minha avó, talvez ela lembre. Qualquer coisa escreva para meu e-mail carolinabatista700@h… Grata.