Minha Missão de Tempo Integral: São Paulo, setembro de 1985

Publicado em 1 de janeiro de 2007 e atualizado em 8 de abril de 2024

Eu, no jardim do Templo de São Paulo
No jardim do Templo de São Paulo

Os dias se passaram e chegou finalmente a hora de partir. Foi com o coração quebrado que abracei papai e ouvi dele um contrito “espero que você faça uma boa missão”. Longe de ser uma genuína manifestação de apoio, aquela tinha sido uma confissão de derrota pelo cansaço. Dentro de mim misturavam-se a euforia pela partida e a cortante tristeza pela expressão de decepção estampada em seu rosto. Partir nessas circunstâncias é uma coisa que, se um dia eu vier a ser bispo, não permitirei que aconteça a qualquer jovem do meu rebanho.

Todavia, agi pela fé. Não haveria outro motivo para partir senão esse. Nenhuma outra justificativa haveria para enfrentar todas as aflições decorrentes de minha decisão senão a que só se enxerga com olhos espirituais. Que ninguém seja levado ao erro de supor que, sem um motivo transcendentalmente justo, eu me sujeitaria à deprimente experiência de testemunhar a revolta de mamãe contra mim, esmurrando a mesa e dizendo coisas horríveis contra a Igreja que nem tenho estômago para repetir. Ela me xingava de coisas horríveis e dizia que eu estava sendo um castigo em sua vida. Chegou até a me suplicar, implorar que desistisse, ante o que, abalado, fiz muita força para não chorar. Durante aqueles dias, na maior parte do tempo, andei cabisbaixo e deprimido, desejando profundamente não ser necessário ter que passar por tudo aquilo. Foi uma experiência muito, muito dolorosa. Insisto em dizer, porém, que agi pela fé.

Na entrada do Centro de Treinamento Missionário

Esta é, sem dúvida, a única e verdadeira Igreja de Jesus Cristo. Senti isso muito claramente no Centro de Treinamento Missionário (CTM) e esse sentimento de indubitável certeza fortaleceu meu testemunho da Igreja. Nunca o negarei, nem que minha vida dependa disso. Passar pelo templo é uma experiência muito mais profunda do que seria capaz de descrever com meu parco vocabulário. Só quem também passou por ele sabe como me senti, especialmente tendo sido aquela a primeira vez. Por isso, apesar de toda tristeza causada em casa por minha vinda para a missão, nunca tive tanta certeza de que fiz a coisa certa. Não me surpreenderei se meus pais terminarem seus dias neste mundo sem entender por que o fiz, já que, para tanto, é preciso estar afinado com o Espírito do Senhor. Por amor a eles, passarei toda a minha missão orando e jejuando por suas almas de coração duro.

Outro fator de transcendental importância em minha passagem pelo templo foi a oportunidade de submeter os nomes de seis antepassados meus às ordenanças vicárias. Sinto-me muito feliz por fazer isso por eles.

Ainda no templo, fiz uma investidura e aproximadamente quarenta selamentos vicários. Na Sala Celestial do templo, tive o prazer de ser vizinho de poltrona do Élder Hélio da Rocha Camargo, do Primeiro Quórum dos Setenta, a quem depois pedi conselhos para minha missão. Disse-me algumas coisas bem importantes, que poderia resumir em: “Seja obediente ao Senhor e ao seu presidente de missão. E lembre-se de que a palavra de um missionário é profética”.

Aproximava-se a hora de nova partida, desta vez para o campo missionário. Dentre meus companheiros de turma não havia um que não se lamentasse por ter que deixar o CTM e o templo para trás, mas também não havia um que não estivesse ansioso para começar seu trabalho. Era assim que eu me sentia.

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