Minha Missão de Tempo Integral: Santana do Livramento, abril de 1987

Em meio ao campo coberto pela geada, a temperatura era de -4º C
Em meio ao campo coberto pela geada, a temperatura era de -4º C

Aconteceu numa entrevista batismal. Duas das missionárias de meu distrito haviam terminado de ensinar uma jovem de 15 anos que estava pronta para o batismo. Em contraste com o negror de sua pele, enxerguei com os olhos espirituais a luminescente alvura de seu espírito. A última das perguntas que lhe fiz, como de praxe nas entrevistas batismais, foi: “Por que você quer ser batizada?” Em resposta, ouvi palavras de surpreendente sinceridade e espiritualidade, como nunca pensei ouvir da boca de um candidato ao batismo: “Porque quero servir ao Senhor”.

Aquela pequena jovem de pele escura deve ser muito especial aos olhos do Salvador. Tive o privilégio de discursar sobre os princípios do evangelho em sua reunião batismal. O Espírito me compeliu a contar a experiência da entrevista e de como enxerguei seu espírito, o que provocou uma manifestação do Espírito do Senhor tão forte que levou alguns dos presentes às lágrimas.

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Minha Missão de Tempo Integral: Santana do Livramento, março de 1987

Meu novo companheiro e um de nossos "pesquisadores"
Meu novo companheiro e um de nossos “pesquisadores”

O mês começou com a transferência de meu companheiro para São Borja e a chegada de um novo, meu segundo companheiro americano na missão. Elder Hakes (Eric Dahl Hakes) teve em sua vida um privilégio que pretendo proporcionar aos meus filhos: nascer e ser criado na Igreja.

A vinda para uma missão de tempo integral do lado de baixo do Equador exerceu nele o efeito de estourar a bolha social, cultural e espiritual na qual nasceu e cresceu. Chegou a ser cômica a cara de estranheza que fez quando teve contato com um homem que se diz pastor espiritualista mesmo não sendo evangélico, de quem recebemos convite para comparecer a uma de suas atividades. Até agora me divirto quando recordo a expressão de pasmo estampada no rosto de meu novo companheiro ao presenciar as cenas em que aquele homem usava o nome do Salvador para fazer “curas milagrosas pelo poder de Jesus”, sendo aplaudido “em nome de Jesus” e pedindo aplausos “para Jesus”, com todos os presentes pondo-se a aplaudir Alguém de Quem não têm o menor conhecimento. De vez em quando meu companheiro sussurrava em meu ouvido, inconformado: “Aplausos para Jesus???” Nunca na vida tinha visto tal bizarrice e seu espanto me divertia.

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Minha Missão de Tempo Integral: Santana do Livramento, fevereiro de 1987

Em um dos extremos do Brasil
Em um dos extremos do Brasil

Nunca pensei encontrar na missão pessoas que, minutos antes de seus próprios batismos, subissem ao púlpito e prestassem fortes testemunhos a respeito do que estavam por fazer. Pois aconteceu com duas senhoras que batizamos no primeiro dia do mês. Aquela foi, sem sombra de dúvida, a mais marcante reunião batismal de toda a minha missão até agora.

Se as dificuldades para batizar diminuíram, outras muito inesperadas apareceram. O pior é que nada têm a ver com pesquisadores, palestras ou batismos, nem nada referente à minha missão em si, e sim com minha família. Para entender os fatos em andamento, preciso esclarecer alguns pontos que até agora, propositadamente, deixei que permanecessem ocultos, pois esperava não ter que escrever sobre eles.

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Minha Missão de Tempo Integral: Santana do Livramento, janeiro de 1987

Uma das belas capelas de Santana do Livramento
Uma das belas capelas de Santana do Livramento

Meu ano começou com a imensa alegria de estar no campo missionário, trabalhando duro, ceifando almas (no bom sentido), separando o trigo do joio, lutando, sofrendo, testificando e sendo abençoado pelo Senhor com revelações e conhecimento.

E quando falo em revelações, refiro-me realmente a revelações! Perguntando ao Senhor o que poderia ser melhorado em meu trabalho, Ele me mostrou que estamos falhando na edificação da fé de quem ensinamos. Isso me fez perceber que comigo o Senhor não se contenta com pouco. Pode ter sido esse o motivo de ter segurado as bênçãos em Pelotas, ou seja, para me despertar para esse ponto. “Porque a quem muito é dado, muito é exigido” (D&C 82:3).

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Minha Missão de Tempo Integral: Santana do Livramento, dezembro de 1986

A criança em meu colo é Davi, de quem falo no texto
A criança em meu colo é Davi, de quem falo no texto

Esta impressionante história aconteceu com uma família que conheci numa divisão com um dos missionários de meu distrito em Pelotas antes de minha transferência para Santana do Livramento.

Aquele missionário tinha em sua área uma família composta por um casal com vários filhos. Conta a mãe que o nascimento do caçula foi cercado de vários perigos de natureza espiritual. Segundo ela, forças malignas queriam a todo custo impedir seu nascimento. Por revelação, a mãe soube que o garoto deveria ser chamar Davi e que o propósito de sua vinda a este mundo representaria algo terrível para Satanás, tanto que ele, por diversas vezes, tentou fazer com que o feto morresse. Conta ela que viu Satanás furioso quando Davi nasceu.

Davi é uma criança adorável, dono de um sorriso meigo e absolutamente cativante. Fez-me perguntas sobre minha terra natal e me mostrou sua criação de coelhos, sua plantação de uvas e seu cata-vento.

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