Minha Missão de Tempo Integral: Santana do Livramento, junho de 1987

Nem o frio intenso me impediu de entrar na água congelante para batizar esse casal especial
Nem o frio intenso me impediu de entrar na água congelante para batizar esse casal especial

Quando eu era um missionário novo, ouvi de outro em fim de missão: “A missão tem uma desvantagem: quando você está pronto para dar tudo de si, sabendo tudo o que tem direito, afiado em todas as técnicas, ou seja, sendo um missionário poderoso, é hora de voltar para casa”. Sinto diariamente o quanto estava certo. À medida em que o fim se aproxima, melhor missionário me torno. Queria poder voltar no tempo e começar a missão novamente sendo como sou hoje.

Temos terminado nossas semanas de trabalho satisfeitos com o sentimento de dever cumprido. Após terminar uma de nossas reuniões de planejamento semanal, testifiquei a meu companheiro: “A cada dia que passa, tenho uma certeza cada vez mais forte de que estamos fazendo um grande trabalho. É gratificante para mim estar em Livramento e ter você como companheiro. Você está me ajudando a crescer e espero estar te ajudando também. Sou muito feliz por tudo isso”.

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Minha Missão de Tempo Integral: Santana do Livramento, maio de 1987

A linha divisória entre Brasil e Uruguai corta a praça ao meio. Do lado de lá é Rivera, no Uruguai.
A linha divisória entre Brasil e Uruguai corta a praça ao meio. Do lado de lá é Rivera, no Uruguai.

O mês começou com a substituição de uma das duplas de sísteres por uma de élderes. É pena, já havia me habituado ao trabalho delas. Pelo que observei das que passaram por meu distrito, elas podem não ter tanta disposição para horas de proselitismo e número de palestras, mas sabem acompanhar melhor suas famílias do que a maioria dos élderes que conheço. Isso certamente se deve ao fato de serem mulheres. Elas são mais sensíveis às necessidades das pessoas, mas talvez o sacerdócio esteja sendo necessário na área que era delas. Vamos esperar para ver.

Neste mês houve uma conferência de zona, na qual, em entrevista, o presidente fez o seguinte comentário a meu respeito:

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Minha Missão de Tempo Integral: Santana do Livramento, abril de 1987

Em meio ao campo coberto pela geada, a temperatura era de -4º C
Em meio ao campo coberto pela geada, a temperatura era de -4º C

Aconteceu numa entrevista batismal. Duas das missionárias de meu distrito haviam terminado de ensinar uma jovem de 15 anos que estava pronta para o batismo. Em contraste com o negror de sua pele, enxerguei com os olhos espirituais a luminescente alvura de seu espírito. A última das perguntas que lhe fiz, como de praxe nas entrevistas batismais, foi: “Por que você quer ser batizada?” Em resposta, ouvi palavras de surpreendente sinceridade e espiritualidade, como nunca pensei ouvir da boca de um candidato ao batismo: “Porque quero servir ao Senhor”.

Aquela pequena jovem de pele escura deve ser muito especial aos olhos do Salvador. Tive o privilégio de discursar sobre os princípios do evangelho em sua reunião batismal. O Espírito me compeliu a contar a experiência da entrevista e de como enxerguei seu espírito, o que provocou uma manifestação do Espírito do Senhor tão forte que levou alguns dos presentes às lágrimas.

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Minha Missão de Tempo Integral: Santana do Livramento, março de 1987

Meu novo companheiro e um de nossos "pesquisadores"
Meu novo companheiro e um de nossos “pesquisadores”

O mês começou com a transferência de meu companheiro para São Borja e a chegada de um novo, meu segundo companheiro americano na missão. Elder Hakes (Eric Dahl Hakes) teve em sua vida um privilégio que pretendo proporcionar aos meus filhos: nascer e ser criado na Igreja.

A vinda para uma missão de tempo integral do lado de baixo do Equador exerceu nele o efeito de estourar a bolha social, cultural e espiritual na qual nasceu e cresceu. Chegou a ser cômica a cara de estranheza que fez quando teve contato com um homem que se diz pastor espiritualista mesmo não sendo evangélico, de quem recebemos convite para comparecer a uma de suas atividades. Até agora me divirto quando recordo a expressão de pasmo estampada no rosto de meu novo companheiro ao presenciar as cenas em que aquele homem usava o nome do Salvador para fazer “curas milagrosas pelo poder de Jesus”, sendo aplaudido “em nome de Jesus” e pedindo aplausos “para Jesus”, com todos os presentes pondo-se a aplaudir Alguém de Quem não têm o menor conhecimento. De vez em quando meu companheiro sussurrava em meu ouvido, inconformado: “Aplausos para Jesus???” Nunca na vida tinha visto tal bizarrice e seu espanto me divertia.

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Minha Missão de Tempo Integral: Santana do Livramento, fevereiro de 1987

Em um dos extremos do Brasil
Em um dos extremos do Brasil

Nunca pensei encontrar na missão pessoas que, minutos antes de seus próprios batismos, subissem ao púlpito e prestassem fortes testemunhos a respeito do que estavam por fazer. Pois aconteceu com duas senhoras que batizamos no primeiro dia do mês. Aquela foi, sem sombra de dúvida, a mais marcante reunião batismal de toda a minha missão até agora.

Se as dificuldades para batizar diminuíram, outras muito inesperadas apareceram. O pior é que nada têm a ver com pesquisadores, palestras ou batismos, nem nada referente à minha missão em si, e sim com minha família. Para entender os fatos em andamento, preciso esclarecer alguns pontos que até agora, propositadamente, deixei que permanecessem ocultos, pois esperava não ter que escrever sobre eles.

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