Há pouco tempo o irmão Otávio Gois, de Natal/RN, membro do meu grupo Mórmons do Brasil, procurou-me por e-mail pedindo minha opinião sobre recente artigo do jornal Gazeta Mercantil destacando resultado de 19 mil testes feitos com café por um cientista chamado Tomas De Paulis, da Vanderbilt University Institut for Coffee Studies. Segundo o artigo, “o resultado das pesquisas mostra que o efeito benéfico [do café] é maior do que se pensa”. O cientista diz que “crianças que tomam café com leite uma vez ao dia têm menos chance de desenvolver depressão do que aquelas que não consomem a bebida”, dentre outras afirmações.
O pedido de opinião do irmão Otávio motivou-se pelo fato de ser portador de diabetes tipo 2 e por sofrer de depressão desde a infância. Após ler o artigo, ele comentou: “Nem pelo sim nem pelo não, pode até me dar a longevidade de 200 anos, mas tal bebida só ingerirei com autorização do ungido do Senhor. Mas que dá o que se pensar, isso dá.”
Respondi dizendo que a Palavra de Sabedoria — nome como é conhecida pelos Santos dos Últimos Dias a revelação dada pelo Senhor ao Profeta Joseph Smith que determina o que é bom para nosso organismo e o que deve ser evitado (ver D&C 89) —, que proíbe as chamadas “bebidas quentes” (café e alguns tipos de chá), proíbe também as drogas, exceto quando prescritas por profissional médico competente para tratamento de doenças.
Eu lhe disse também: “Se um médico lhe prescrever café para ajudar no seu tratamento, creio que você estaria justificado se decidisse tomá-lo. Claro que, antes de fazê-lo, você teria que expor os fatos a seu bispo e também ao Senhor em oração e jejum em busca de orientação e inspiração para saber se realmente é a coisa certa a fazer.”
Então mencionei-lhe a experiência que tive durante minha missão de tempo integral, na qual em dado momento um cardiologista me receitou café para amenizar os sintomas associados à hipotensão que me afetava na época — 9 por 6, em média. Pedi ao irmão Otávio que lesse esse relato nesta página deste blog.
Após ler e comentar na própria página do artigo, irmão Otávio disse que se sentiu muito beneficiado pelo que leu. Então trouxe-me a seguinte questão: “como ajudar um pesquisador [da Igreja] que tem conhecimento do texto da nova pesquisa sobre o café?”
Respondi-lhe contando que, quando eu era professor da classe de Princípios do Evangelho da Escola Dominical — experiência que vivi por três anos —, vi-me diante dessa situação várias vezes. O que eu fazia era dizer que, independente do que diz quem quer que seja, o mandamento de Deus continua em vigor. E, no que me diz respeito, mesmo se Ele eventualmente nos ordenasse a parar de beber água, eu pararia, pois não questiono as ordens do Senhor, já que confio Nele o suficiente para saber que Ele não nos dá mandamentos que não sejam para nosso bem. É uma questão de fé.
Minha resposta continuaria dizendo que, portanto, mesmo que surjam inúmeros de estudos científicos apontando para os benefícios do café, devemos exercer fé no Senhor para obter Dele um testemunho de que Ele realmente não quer que o consumamos, por algum motivo que só Ele conhece. Pode até ser que não haja motivo orgânico algum e que o mandamento seja só um teste de obediência e humilde submissão à Sua vontade. Qualquer que seja o caso, somente se formos orgulhosos e rebeldes é que não nos sujeitaremos a fazer qualquer coisa que Ele nos peça, por mais insignificante ou grandiosa que seja.
Sim, será preciso muito mais que a palavra de um doutor em qualquer coisa para fazer-me mover um milímetro para fora da linha de conduta determinada por nosso Pai. Confio Nele.
Antes que alguém me chame de fanático (o espaço abaixo para comentários serve para isso), quero dizer que essa confiança não significa que estou hermeticamente fechado para tudo que venha da ciência. Muito pelo contrário! Creio que o Senhor inspira e orienta os cientistas — até mesmo os ateus — na condução das descobertas científicas que Ele tem interesse em revelar à humanidade. A ciência já nos revelou muitas coisas maravilhosas, sem as quais a vida da humanidade seria bem pior — menos saúde, menos conhecimento, menos oportunidades de progresso e realização pessoal, algo parecido com a vida nos primórdios da civilização. Pessoalmente, sou grato ao Pai por ter me enviado ao mundo numa época em que, comparada às gerações anteriores, a ciência nunca andou a passos tão largos. Mas para tudo há limite. Nem tudo que a ciência produz é bom e cito como exemplo a dor e sofrimento causados pelas tecnologias desenvolvidas para a guerra, dentre muitos outros (eis porque, no Milênio, armas serão convertidas em coisas úteis para o homem). Assim, por mais que a ciência diga que vinho é bom para o coração, por exemplo, ainda não nasceu psiquiatra, hipnotizador ou agente da CIA que me faça bebê-lo. Isso porque tem álcool, que o Senhor disse que existe na Natureza não para ser ingerido, mas para tratar ferimentos (ver D&C 89:7). Para mim, a palavra revelada Dele vale mais que a de todos os doutores do mundo.
Embora haja muitos, muitos assuntos científicos sobre os quais nosso Pai não Se manifestou (ainda), casos em que para mim a palavra da ciência tem todo valor do mundo, quando a ciência se opõe às revelações de Deus — como nos casos citados neste artigo (café e vinho) — não posso dar-lhe ouvidos. Como eu disse, é uma questão de fé.
Segundo o filho de Deus, pecado não é o que entra pela boca, mas sim o que sai dela. Esta mensagem é só pra você mesmo dono da página que ignora observações tão simples por falta de observação da escritura.
Por essa lógica, então posso me entupir de tabaco, álcool e drogas que não estarei cometendo pecado, certo?
A mesma escritura que você me acusa de não observar também diz que não devemos beber vinho nem bebida forte (Levítico 10:9, Provérbios 20:1, Isaías 24:9, Daniel 1:8, 1 Coríntios 6:10, Gálatas 5:21). Ora, se o pecado está no que sai da boca e não no que entra por ela, por que então não devemos beber vinho ou bebida forte?
Isso é porque ingerir qualquer coisa que prejudique o corpo é, sim, pecado, pois Deus vê nosso corpo como Seu templo e se alguém destruir esse templo será destruído (1 Coríntios 3:16–17).
Então, quem é que está ignorando “observações tão simples por falta de observação da escritura” agora? 😉
Um abraço!
Marcelo, meu irmão tem um amigo que começou tomando vinho por causa do colesterol, e no fim acabou alcoolátra de vinho, por isso precisamos confiar no Senhor mais do que na ciência, sendo que o suco integral de uva tem o mesmo beneficio e não vicia, um grande abraço para você.
Eu achei o artigo muito interessante. Inclusive o livro O Alfa e o Ômega tem abalado o Brasil inteiro com o tema polêmico: Os limites do entendimento humano. A fronteira entre a ciência e a fé. Eu recomendo ver a fantástica entrevista com os autores pastora Esmeralda Campelo e o pastor Antônio Peters
Parte 1
http://www.youtube.com/watch?v=qdWPO_esSD8&feature=related
Parte 2
http://www.youtube.com/watch?v=mK8o-3WbV9Q&feature=related
Ou visite o site: http://www.alfa-e-omega.com
Abraço
Caro Todaro, Gostei muito sobre o comentário que fiz sobre o café. Saiba disso, meu irmão, se há alguma coisa que mais admiro é quando alguém manifesta fé no que diz o Senhor e Seus ungidos. Também sigo sempre sua linha de pensamento. Fé inabalável no que diz o Senhor não é sinônimo de “obediência cega”, coisa essa que abomino. O Espírito sempre me dá o testemunho que preciso quando se trata de seguir ao Senhor.
Há muuuuuitos bons homens neste nosso grupo de relacionamento, nossa “Ala virtual”, e com eles tenho aprendido muito sobre as coisas do Senhor. Tem sido um intercâmbio cultural sem sair de casa.
Seu blog faz parte de minha rotina.
Parabéns irmão. Vc tem sido de grande ajuda ao “navegante à deriva”
abração