Minha Missão de Tempo Integral: Santana do Livramento, dezembro de 1986

A criança em meu colo é Davi, de quem falo no texto
A criança em meu colo é Davi, de quem falo no texto

Esta impressionante história aconteceu com uma família que conheci numa divisão com um dos missionários de meu distrito em Pelotas antes de minha transferência para Santana do Livramento.

Aquele missionário tinha em sua área uma família composta por um casal com vários filhos. Conta a mãe que o nascimento do caçula foi cercado de vários perigos de natureza espiritual. Segundo ela, forças malignas queriam a todo custo impedir seu nascimento. Por revelação, a mãe soube que o garoto deveria ser chamar Davi e que o propósito de sua vinda a este mundo representaria algo terrível para Satanás, tanto que ele, por diversas vezes, tentou fazer com que o feto morresse. Conta ela que viu Satanás furioso quando Davi nasceu.

Davi é uma criança adorável, dono de um sorriso meigo e absolutamente cativante. Fez-me perguntas sobre minha terra natal e me mostrou sua criação de coelhos, sua plantação de uvas e seu cata-vento.

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Minha Missão de Tempo Integral: Pelotas, novembro de 1986

Em dia de conferência de zona
Em dia de conferência de zona

O mês começou como se eu estivesse numa frigideira — e não é por causa do clima. Nunca me senti tão desesperado! Numa divisão feita com os líderes de zona, fui pressionado e exigido como jamais imaginei ser possível. Disseram-me que preciso dar um basta à falta de batismos de uma vez por todas, sejam quais forem os motivos. Segundo eles, nesta área, bem como na maioria, não há porquê não batizar quatro pessoas por mês, sempre de acordo com os padrões do manual de proselitismo.

Há três meses sigo os padrões do manual de proselitismo, mas os batismos não aparecem. Meus LZs me repreenderam por meu insucesso, fazendo o que chamamos na gíria missionária de “queimada”. Mas o LZ sênior procurou me consolar, dizendo: “Todos os grandes líderes da Igreja foram queimados em alguma época de suas vidas. Basta ler Doutrina & Convênios para ver como o próprio Joseph Smith o foi. O mesmo aconteceu com Spencer W. Kimball, Ezra Taft Benson, Joseph Fielding Smith e outros. Todos foram queimados”.

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Minha Missão de Tempo Integral: Pelotas, outubro de 1986

Pelotas fornecia lugares de exuberante natureza onde íamos passear nas folgas
Pelotas fornecia lugares de exuberante natureza onde íamos passear nas folgas

Embora o trabalho em Pelotas seja edificante e gratificante, devo confessar: tornou-se muito difícil ultimamente. Em relação ao mês passado, nossa produtividade despencou. Há momentos em que desanimo diante das dificuldades representadas por famílias prontas para o batismo que, de repente, aparecem cheias de problemas que as impedem de ser batizadas: adultério, vícios ocultos, crimes passados, etc.

Conversando com o presidente da missão a respeito, ele disse que nenhum dos missionários que me antecedeu teve vida fácil nesta área. Em sua opinião, Satanás trabalha duro aqui e, se isso acontece, “deve ser por haver algum grande tesouro que ele quer nos esconder a todo custo”. Ouvir isso renovou meu ânimo, pois agora sei exatamente contra o que estou lutando, além de me fazer sentir honrado por ter sido escolhido pelo Senhor para procurar esse tesouro.

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Minha Missão de Tempo Integral: Pelotas, setembro de 1986

Visão parcial do meu quarto no novo "apertamento"
Meu quarto no novo “apertamento”. Sobre a mesa, a máquina de escrever portátil com a qual escrevi mais de mil e quatrocentas páginas dos originais deste diário.

Esta área está sendo uma bênção em minha missão. Meu novo chamado como Líder de Distrito (LD) está me ajudando a ser melhor missionário e melhor pessoa. Nisso estão meus olhos, meus pensamentos e meu coração.

As experiências espirituais têm-se multiplicado aos borbotões. Aplicando os princípios que nos foram ensinados na última conferência pelo presidente da missão, já deu para sentir uma diferença na espiritualidade das palestras. Uma delas, para uma nova família, desfrutou de uma presença tão forte do Espírito que não houve quem não identificasse “um sentimento de leveza e calma” que enchia aquele ambiente e fazia até o pirracento de um dos filhos do casal se calar para prestar atenção ao assunto. Esse foi um grande testemunho para mim. Senti-me naquele momento como um verdadeiro professor da verdade, dividindo com meu companheiro o privilégio de possuir poder e autoridade divinos para levar milhares de almas ao arrependimento. Estou finalmente entendendo o significado de “pregar meu evangelho pelo Espírito” (D&C 50:14). É verdadeiramente um alívio ensinar sem a preocupação de provar que falamos a verdade, bastando apenas prestar nossos testemunhos e deixar o Espírito fazer o resto.

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Minha Missão de Tempo Integral: Pelotas, agosto de 1986

Com o Élder Russel M. Nelson, do Quórum dos Doze Apóstolos
Com o Élder Russel M. Nelson, do Quórum dos Doze Apóstolos

No início deste mês tivemos em Porto Alegre uma conferência com um apóstolo. Quando soube que um apóstolo nos visitaria, fiquei imaginando o que isso me representaria em termos de conhecimento e testemunho. O que é um apóstolo? É uma testemunha especial do Senhor Jesus Cristo, alguém que vê e fala com Ele pessoalmente, “face a face, como qualquer fala com o seu amigo” (Êxodo 33:11). Esteve aqui um homem como Moisés, Pedro, Paulo, Mateus, Tiago, João, Lucas, Marcos, Barnabé, Matias, Bartolomeu, Judas, Felipe e outros. Seu nome é Russel M. Nelson, ou Élder Nelson.

Sua palestra consistiu basicamente em responder nossas perguntas sobre doutrina do Evangelho. Eram tantos os que queriam perguntar que muitos ficaram sem vez, eu inclusive. Mas, depois de terminada a conferência, encontrei-o disponível por um segundo e aproveitei a oportunidade para lhe perguntar o que não tive chance durante a palestra, embora a resposta já me fosse conhecida: “O senhor conhece Jesus Cristo pessoalmente?” Eu sabia que a resposta seria “sim”, mas eu queria — e de certa forma precisava — ouvir a resposta vinda diretamente de sua boca.

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