A linguagem neutra e as ‘filosofias dos homens mescladas com escrituras’

Publicado em 8 de dezembro de 2023 e atualizado em 16 de março de 2024

Reprodução de capa fictícia de livro de gramática da língua portuguesa

Ao longo da história, vários comportamentos sociais e formas de linguagem surgiram, ganharam popularidade e depois sumiram. As gírias são um exemplo perfeito de uma forma de linguagem que pode se tornar popular e depois desaparecer, como “bafafá”, “bicho-grilo” e “borogodó”.

A linguagem neutra, também conhecida como linguagem não-binária, vai pelo mesmo caminho. Os progressistas tentam forçar a adaptação do idioma para o uso de expressões neutras a fim de que pessoas “não binárias” (que não se identificam nem com o gênero masculino nem com o feminino) se sintam representadas. Alguns exemplos de alterações que se tenta promover incluem:

  • “elu” (ao invés de “ele” ou “ela”)
  • “todes” (ao invés de “todos”)
  • “amigues” (ao invés de “amigos”)
  • “meninx” (ao invés de “menino” ou “menina”)

Essas coisas têm se tornado comuns em nichos das redes sociais, como os formados pela comunidade LGBTQIA+, em sua maioria inspirados na lenda do gene gay.

Se se fizesse um referendo para obter a opinião da população a respeito da adoção da linguagem neutra, qual você acha que seria o resultado?

O simples fato de não haver sequer uma pesquisa de opinião já dá bem uma noção da relevância que o assunto tem perante a sociedade. E não é só no Brasil. Essa esquisofrenia linguística enfrenta forte resistência no âmbitos legislativo e judiciário em várias partes do mundo. Por exemplo, o senado da França proibiu o uso do gênero neutro. No Brasil, alguns estados e cidades brasileiros já aprovaram leis próprias contra isso. Mais recentemente, a Câmara dos Deputados aprovou a proibição do uso de linguagem neutra em órgãos públicos.

Até a estrela pop Demi Lovato, antes uma entusiasta da causa, já se convenceu de que a linguagem neutra é um tiro no pé.

Quem fizer uma busca rápida no Google pode encontrar muitos outros casos ao redor do mundo. São coisas que os progressistas alegremente esconderiam de você se pudessem.

Logo no início, o governo Lula 3.0 (2023) usou o “todes” para tentar dar uma de suas habituais carteiradas ideológicas populistas, mas não é difícil imaginar por que a iniciativa teve vida curta — eu mesmo fui um dos que fizeram pressão contra o governo por isso.

Me incluo nessa resistência porque os liberais progressistas estão fazendo a coisa do jeito errado e porque há um engodo por trás dessa moda: ao contrário do que querem fazer crer, a linguagem neutra não é inclusiva. Na verdade, ela é elitista, excludente e contraproducente.

Não é inclusiva porque as alterações de grafia com “x” ou “@” dificultam a leitura. Além de impronunciáveis, termos contendo esses caracteres dificultam a vida de deficientes visuais que usam programas de leitura de texto, pois esses programas podem não ser capazes de ler palavras escritas dessa maneira.

Além disso, palavras com o sufixo “-e” ou os pronomes mencionados anteriormente dificultam a compreensão. Textos ou discursos contendo esses termos podem ser mais difíceis de entender ou confusos para quem não está familiarizado com eles.

Os “progressistes” têm que ser impedidos de mentir para as crianças nas escolas ao dizer que essa prática exclusiva das elites é inclusiva, pois na verdade é bem o contrário disso, como já demonstrado. Trata-se de uma moda que pode ser sucesso na Vogue, mas não na periferia, pois é utilizada para selecionar público.

O gênero masculino é considerado neutro por instituições responsáveis pela regulação dos idiomas, como a Academia Brasileira de Letras, que já se manifestou contrária a qualquer alteração em favor de gênero neutro, e a Real Academia Espanhola. Nesses idiomas, o gênero masculino inclui a designação de todos os gêneros, portanto nenhuma mudança é necessária.

A esse respeito, aliás, convido o leitor a assistir o video abaixo, onde foi feita uma montagem de trechos de pronunciamentos oficiais do início do governo Lula tentando empurrar “todes” na audiência, com entrevista dada pela professora de português Cíntia Chaves comentando essa tentativa (o video foi escolhido não por conter a marca d’água do MBL, pois esse movimento não me representa, e sim porque, dos que encontrei, é o que está melhor legendado).

Se a causa é tão importante para os “progressistes”, que façam a coisa do jeito certo: proponham um novo acordo ortográfico pelos canais democráticos apropriados. Que parem de tentar ganhar no tapetão, coagindo a sociedade, dando carteirada de elite e hipocritamente agindo contra os princípios de liberdade de expressão e diversidade de pensamento que eles mesmos defendem.

Quem conhece o significado de “filosofias dos homens mescladas com escrituras” sabe bem de onde procedem ideologias que causam tumulto e confusão, como essa, e a atitude de tentar impô-las à sociedade. Sabe também qual é a motivação por trás disso tudo. E sabe como derrotá-la.

Se posso dar um conselho aos progressistas que me leem, mudem de abordagem. A atual é ineficaz. Só conquista o aplauso e louvor de uma minoria e produz antagonismo e atrito no resto. Não vão conseguir muita coisa na base da cara feia, do grito e da ameaça.

Ao invés, tentem conquistar o coração das pessoas pelo amor sincero e não fingido. O maior e melhor professor dessa lição é Jesus Cristo. Acham que Ele teria a influência que tem no mundo até hoje se tivesse agido como vocês?

Se você se sente excluído e desconfortável e quer mudar a sociedade por causa disso, sugiro uma abordagem diferente: pare de tentar mudar os outros e mude a si mesmo. É mais fácil isso do que querer que toda uma coletividade se adapte a você. Não queira ser o centro do mundo. O conforto, a paz e o acolhimento que você em vão tenta obter pela imposição de suas ideologias pode ser encontrado, de forma mais profunda e prolongada, no Evangelho de Jesus Cristo. Uma vez que tiver conseguido, verá como essas questões ideológicas perderão importância porque você terá conquistado algo bem melhor. O que você tem a perder se der a si mesmo essa chance?

Caso queira tentar, recomendo começar pela leitura desta mensagem. E fique à vontade para trocar ideias nos comentários abaixo.

[Atualizado em 21/01/24] — A cidade de Natal sancionou lei proibindo o uso de linguagem neutra ou de “qualquer outra que descaracterize a norma culta da Língua Portuguesa” em escolas públicas e particulares.

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