Publicado em 29 de fevereiro de 2024 e atualizado em 21 de outubro de 2024
Tenho um amigo que gosta de compartilhar conteúdo de viés político-partidário. Num país politicamente polarizado como o nosso, esse conteúdo prolifera como câncer em paciente terminal.
Que se faça propaganda política não é o que me incomoda. O que me incomoda é que esse conteúdo está infestado de mentiras. Elas acabam sendo engolidas como verdade por quem não tem a iniciativa de conferir. É assim que se manipula a opinião pública.
A questão é: as pessoas que compartilham mentiras sabem o que estão fazendo?
Sim, sabem, na maioria das vezes. Um estudo de uma universidade canadense descobriu que as pessoas geralmente conseguem detectar quando uma notícia é falsa, mas preferem compartilhá-la mesmo assim só porque a mentira concorda com seu ponto de vista.
Na minha opinião, pior do que inventar mentiras é espalhá-las sabendo que são mentiras. Que tipo de caráter tem quem faz algo assim?
“Ah, mas eu não sabia que é mentira”, dirá o malandro. Por que não verificou a informação antes de compartilhar? Porque isso eliminaria a desculpa. Há quem ache a ignorância uma bênção, contanto que atue em favor de seu viés. Que conveniente, não?
Citando um exemplo recente: esse amigo me mandou um video no qual um suposto jornalista português denuncia supostos abusos sofridos no controle de imigração da Polícia Federal ao tentar entrar no Brasil para participar de um evento. A história contada no vídeo e a abordagem usada nele eram estranhas demais para serem críveis. Argumentei isso com meu amigo e ele se limitou a dizer que “ninguém contestou”, o que, para ele, era prova de veracidade.
Uma rápida pesquisa no Google levou instantes para mostrar que houve, sim, contestação. Por que então meu amigo não se interessou em pesquisar? Porque era mais conveniente repassar o video, danem-se os fatos.
O farsante na verdade é um blogueiro português de direita e não houve nenhum abuso da PF, e sim a sumbissão aos rotineiros protocolos de imigração. O factóide foi criado para desacreditar a instituição, pois isso é de interesse da direita, da qual meu amigo é um maldisfarçado entusiasta. Para ele, os fins justificam os meios: o fato de se ter montado um factóide não tem importância alguma, contanto que o objetivo seja atingido.
Essa postura parcial e desequilibrada (para não dizer desonesta) se encaixa no mesmo nível intelectual de quem acredita que a Terra é plana, ou no dos negacionistas da ciência. A Psicanálise vê o negacionismo como uma forma de defesa psicológica na qual a pessoa nega uma realidade desconfortável para proteger seu ego. Não é exatamente isso o que mentirosos por omissão e ignorantes por opção fazem?
Mais ainda do que a esquerda (que para mim já é nojenta por natureza), a direita precisa da mentira para sobreviver. Isso explica por que políticos como Donald Trump mentem o tempo todo. No trecho de uma reportagem exibida pelo Jornal Nacional em 19 de julho de 2024 que se pode ver no video abaixo, a repórter Carolina Cimenti explica o que ele ganha com isso e como neutralizar esse método de manipulação.
Como mostra a tirinha do Cascão lá no início, a praga da mentira é uma doença contra a qual o país pede socorro.
Meu consolo é saber que o socorro está a caminho e que toda essa baderna moral e espiritual tem data marcada para terminar. Daí meu amigo e toda a legião de “inocentes” como ele serão forçados a sair da zona de conforto de sua “inocência” e obrigados a escolher um lado, que não será identificado nem como direita nem como esquerda, mas como vencedor ou perdedor. Não haverá meio termo.
Se permanecerem como estão, os “inocentes” como meu amigo estarão do lado perdedor. Isso lhes terá um gosto muito amargo. Espero que meu amigo acorde a tempo!
Pois eu, o Senhor, não posso encarar o pecado com o mínimo grau de tolerância. Entretanto, aquele que se arrepender e cumprir os mandamentos do Senhor será perdoado; e aquele que não se arrepender, dele será tirada até a luz que recebeu, pois o meu Espírito não contenderá para sempre com o homem, diz o Senhor dos Exércitos. (D&C 1:31-33)