Publicado em 18 de dezembro de 2023 e atualizado em 12 de fevereiro de 2024
A esposa de um bom e velho amigo acabou de entrar para a eternidade. Foi levada deste mundo ainda jovem, com pouco mais de 30 anos, por um ataque cardíaco fulminante.
Já enfrentei situações de luto antes, quando tive que sepultar minha avó materna e meus pais. Sei bem o quanto a despedida dói.
No caso dos meus, a despedida já era algo esperado, pois doenças os venceram e a passagem para o outro lado do véu foi o alívio que eles e a família precisavam. Mas e quando essa passagem vem de forma abrupta, chocante e aparentemente inexplicável?
Quando meu ombro foi banhado com as lágrimas de meu amigo inconformado, lembrei-o de algo que, na condição de líder eclesiástico que é, ele comumente ensina às ovelhas de seu rebanho: que tudo tem um propósito e nada é por acaso. Como disse Albert Einstein: “Jamais acreditarei que Deus jogue dados com o mundo” (John Bartlett, Familiar Quotations, 14ª edição (1968), p. 950).
Meu amigo conhece bem o Plano de Salvação e fez sua parte para obter do Senhor a promessa de manter sua família unida na próxima vida. Então ele sabe que a vida de sua amada esposa não foi em vão, que ele não a perdeu e que ela continuará sendo sua esposa na outra vida tal como foi nesta. Ele só não esperava que o Senhor a chamasse para o mundo espiritual tão cedo, ainda com tanto a realizar, filhas para criar, vida para viver.
Nessas horas é que se mostra precioso o conhecimento do Plano de Salvação, que nos permite ter vislumbres da eternidade e entender um pouco melhor como o Senhor nos vê nesse contexto.
Ele nos vê como os seres eternos que somos. Sua onisciência Lhe permite conhecer o fim desde o princípio. Pelo ponto de vista Dele, o tempo funciona de modo diferente de como o percebemos. Para nós, o tempo flui de forma sequencial, minuto após minuto. Para Ele, o início, o meio e o fim estão presentes diante Dele, tudo de uma vez, como se fossem uma coisa só (ver D&C 130:6-7). De um modo que não nos é muito claro, ele realmente vê o futuro, em vez de prevê-lo — porque todas as coisas estão, ao mesmo tempo, presentes diante Dele (ver Moisés 1:6). Foi só em 1905 que Einstein entendeu o que para Deus sempre foi uma verdade eterna: o tempo é relativo. É graças a isso que o Senhor sabe quem fomos, quem somos e quem seremos.
Numa analogia simples, considere nossa existência eterna como um fio infinito, com nossa mortalidade sendo apenas um nó nesse fio. Os planos divinos para cada um de nós podem transcender este momento efêmero e se estender para outros nós do fio, anteriores ou posteriores. As experiências que vivenciamos agora, independentemente de serem positivas ou negativas e não sendo fruto de nossa própria imprudência ou insensatez, podem ter significado em outro nó desse fio e ser consequência desse nó. A compreensão completa desses propósitos é um mistério conhecido apenas por Ele (por enquanto).
Nenhuma imprudência ou insensatez explica a passagem da esposa de meu amigo. Era jovem, se cuidava e tinha boa saúde. Nada indicava que sofresse de alguma doença cardíaca que inspirasse cuidado. Então não há como supor não haver um propósito divino para um chamado que a nós parece (só parece) tão precoce.
Nessas circunstâncias, nossa parte é confiar Nele. Sem reclamar.
Desejo que meu amigo, seus familiares enlutados e todos que vierem a ler este artigo entesourem em seu coração estas palavras de indescritível amor, conforto e esperança:
Bem-aventurado é o que guarda meus mandamentos, seja na vida ou na morte; e o que é fiel nas tribulações recebe maior recompensa no reino do céu.
Por agora não podeis, com vossos olhos naturais, ver o desígnio de vosso Deus com respeito às coisas que virão mais tarde nem a glória que se seguirá depois de muitas tribulações.
Pois após muitas tribulações vêm as bênçãos. Portanto, vem o dia em que sereis coroados de muita glória; ainda não é chegada a hora, mas está próxima. (D&C 58:2-4)
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Que artigo maravilhoso, Marcelo! Me ajudou a abrir minha compreensão sobre coisas que para mim eram inexplicáveis até agora. Muito obrigada por seu tempo e disposição em escrever esses artigos que têm me ajudado a edificar meu testemunho.
Obrigado por compartilhar sua opinião, Márcia. Fico feliz em saber que meu testemunho ajudou a fortalecer o seu. Ajudar a edificar a fé de meus irmãos e irmãs é o motivo pelo qual mantenho este blog já há quase vinte anos.
Um abraço!