Recentemente participei de uma reunião na qual foi contada uma história muito interessante, que reproduzo a seguir.
Um certo rapaz ganhou um potrinho. Cuidou dele com atenção e carinho até que se transformou em um belo e vistoso cavalo adulto. Por ser o mais belo cavalo da região, os moradores da localidade diziam entre si: “Mas que rapaz sortudo!”
Após algum tempo, seu cavalo pulou a cerca e fugiu em disparada sem que ninguém conseguisse alcançá-lo ou recuperá-lo. Então os moradores passaram a dizer: “Mas que rapaz azarado!”
Pouco tempo depois, o rapaz levanta-se da cama pela manhã e encontra seu cavalo esperando na porta de sua casa. Mas não estava sozinho: tinha trazido com ele um grupo de outros cavalos. Então os moradores passaram a dizer: “Mas que rapaz sortudo!”
Um belo dia, montando seu cavalo, o rapaz escorregou da sela e caiu, quebrando alguns ossos. Então os moradores passaram a dizer: “Mas que rapaz azarado!”
Enquanto se recuperava de seus ferimentos, veio uma guerra. Os rapazes de sua idade foram convocados a servir seu país. Todos morreram na guerra, menos ele, por estar incapaz de lutar. Então os moradores passaram a dizer: “Mas que rapaz sortudo!”
Não sei se a história tem continuação, mas a que foi contada na reunião terminou assim.
Tenho o hábito de me colocar no lugar dos personagens das histórias que ouço, dos filmes que assisto, etc., a fim de tentar imaginar como eu reagiria no lugar desses personagens. Que eu teria pensado ao me ferir caindo do cavalo ou vendo-o fugir de mim? Teria me queixado de meu infortúnio ou sido humilde e sábio para aguardar as bênçãos subsequentes?
Esse exercício me ajudou a enxergar nessa história alguns elementos que podem se converter em lições de humildade e confiança no Senhor. Aquele que Lhe é fiel não têm razão para temer ou se queixar de eventuais revezes, pois eles podem na verdade ser a preparação de uma bênção maior — como quando o cavalo retornou trazendo outros consigo — ou a proteção contra um mal — como quando os ferimentos causados pela queda salvaram-lhe a vida ao dispensá-lo de lutar numa guerra.
A constatação dessa verdade eterna lembra-me das sábias e inspiradoras palavras do Élder James E. Talmage:
Somos propensos a contender com a adversidade, às vezes até com veemência e fúria, quando no final ela pode ser a manifestação da sabedoria divina e do cuidado amoroso de nosso Pai, interferindo em nosso conforto temporário em prol de uma bênção permanente. Nas tribulações e sofrimentos da mortalidade, existe um ministério divino que apenas a alma (que está) afastada de Deus não consegue entender. Para muitos, a perda das riquezas tem sido uma bênção, um meio providencial de afastá-los dos confins da auto-indulgência e guiá-los à liberdade, onde ilimitadas oportunidades esperam aqueles que lutam por ela. A decepção, a tristeza e as aflições podem ser a manifestação da bondade sábia do Pai Celestial.
Já citei essas mesmas palavras outras vezes neste blog. Elas me trazem força e esperança em minhas aflições, dando-lhes contexto e sentido.