O propósito das provações: das trevas para a gloriosa luz

Já passei por muitas provações na vida e algumas foram bem duras de suportar. Ao atravessar os mares revoltosos de meus pungentes desafios, contudo, pude sentir a doce e confortadora mão do Senhor segurando o timão do meu barco para que não se perdesse nas tempestades de minhas aflições, graças ao que pude chegar em portos seguros.

Uma dessas provações foi particularmente difícil e se arrastou por vários anos. Enquanto me debatia e tateava no escuro em busca de uma saída que nunca aparecia, eu questionava o Senhor sobre o propósito pelo qual eu não estava sendo conduzido até a saída de emergência ou o porquê de não me ser dada uma trégua para recobrar o fôlego antes de prosseguir na luta contra o naufrágio de minha fé.

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Rapaz sortudo, rapaz azarado

Recentemente participei de uma reunião na qual foi contada uma história muito interessante, que reproduzo a seguir.

Um certo rapaz ganhou um potrinho. Cuidou dele com atenção e carinho até que se transformou em um belo e vistoso cavalo adulto. Por ser o mais belo cavalo da região, os moradores da localidade diziam entre si: “Mas que rapaz sortudo!”

Após algum tempo, seu cavalo pulou a cerca e fugiu em disparada sem que ninguém conseguisse alcançá-lo ou recuperá-lo. Então os moradores passaram a dizer: “Mas que rapaz azarado!”

Pouco tempo depois, o rapaz levanta-se da cama pela manhã e encontra seu cavalo esperando na porta de sua casa. Mas não estava sozinho: tinha trazido com ele um grupo de outros cavalos. Então os moradores passaram a dizer: “Mas que rapaz sortudo!”

Um belo dia, montando seu cavalo, o rapaz escorregou da sela e caiu, quebrando alguns ossos. Então os moradores passaram a dizer: “Mas que rapaz azarado!”

Enquanto se recuperava de seus ferimentos, veio uma guerra. Os rapazes de sua idade foram convocados a servir seu país. Todos morreram na guerra, menos ele, por estar incapaz de lutar. Então os moradores passaram a dizer: “Mas que rapaz sortudo!”

Não sei se a história tem continuação, mas a que foi contada na reunião terminou assim.

Tenho o hábito de me colocar no lugar dos personagens das histórias que ouço, dos filmes que assisto, etc., a fim de tentar imaginar como eu reagiria no lugar desses personagens. Que eu teria pensado ao me ferir caindo do cavalo ou vendo-o fugir de mim? Teria me queixado de meu infortúnio ou sido humilde e sábio para aguardar as bênçãos subsequentes?

Esse exercício me ajudou a enxergar nessa história alguns elementos que podem se converter em lições de humildade e confiança no Senhor. Aquele que Lhe é fiel não têm razão para temer ou se queixar de eventuais revezes, pois eles podem na verdade ser a preparação de uma bênção maior — como quando o cavalo retornou trazendo outros consigo — ou a proteção contra um mal — como quando os ferimentos causados pela queda salvaram-lhe a vida ao dispensá-lo de lutar numa guerra.

A constatação dessa verdade eterna lembra-me das sábias e inspiradoras palavras do Élder James E. Talmage:

Somos propensos a contender com a adversidade, às vezes até com veemência e fúria, quando no final ela pode ser a manifestação da sabedoria divina e do cuidado amoroso de nosso Pai, interferindo em nosso conforto temporário em prol de uma bênção permanente. Nas tribulações e sofrimentos da mortalidade, existe um ministério divino que apenas a alma (que está) afastada de Deus não consegue entender. Para muitos, a perda das riquezas tem sido uma bênção, um meio providencial de afastá-los dos confins da auto-indulgência e guiá-los à liberdade, onde ilimitadas oportunidades esperam aqueles que lutam por ela. A decepção, a tristeza e as aflições podem ser a manifestação da bondade sábia do Pai Celestial.

Já citei essas mesmas palavras outras vezes neste blog. Elas me trazem força e esperança em minhas aflições, dando-lhes contexto e sentido.

‘O Senhor o deu e o Senhor o tomou: bendito seja o nome do Senhor’

Templo do Recife

O templo realmente fincou profundas raízes em mim. Fora o testemunho da divindade do Salvador Jesus Cristo, da veracidade do Livro de Mórmon e da Igreja, nunca nada penetrou tão profundamente meu coração quanto o testemunho da obra realizada naquele pedaço do reino celestial na terra.

Os dois dias de janeiro de 2004 que passei servindo nele, no primeiro por doze horas ininterruptas, foram tais que meu parco vocabulário não consegue descrever. Não vi anjos, não vi espíritos, nem a face do Salvador, mas vi que minha vida muda um pouco a cada vez que vou à Casa do Senhor, como se um elo inquebrantável entre ela e eu fosse forjado e fortalecido a cada visita, a cada serviço, no olhar de cada irmão e irmã que ajudo a servir ao Senhor como oficiante das sagradas ordenanças do templo.

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