Da Terra plana às vacinas: o negacionismo e suas implicações sociais e espirituais

Publicado em 9 de fevereiro de 2024 e atualizado em 14 de fevereiro de 2024

O negacionismo, em geral, refere-se à prática de negar uma realidade como meio de escapar de uma verdade desconfortável. Ele se manifesta em vários contextos, como na negação do holocausto, do aquecimento global, da eficácia das vacinas, Terra plana, etc. Nas estratégias negacionistas há a instrumentalização da dúvida para provocar desconfiança na Ciência.

Freud definiu a negação como um mecanismo psicológico que tem a finalidade de reduzir qualquer manifestação que possa colocar em perigo a integridade do ego do sujeito. Em outras palavras, a Psicanálise vê o negacionismo como uma forma de defesa psicológica na qual a pessoa nega uma realidade desconfortável para proteger seu ego.

O negacionismo ignora evidências científicas em favor de crenças pessoais, ideologias e interesses políticos. Exemplo disso é a fala do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP): no auge da pandemia de Covid-19, falou em “enfiar a máscara no rabo” (palavras dele) em um vídeo divulgado nas redes sociais.

Por que alguém opta por agir de forma assim irracional?

Embora seja uma opção pessoal, o negacionismo pode ter consequências prejudiciais para a sociedade como um todo. Por isso, naquilo em que representa uma ameaça coletiva, deve ser combatido.

Assim como racismo, discriminação e preconceito, o negacionismo é, na minha opinião, só mais uma forma de fanatismo. Fanáticos não ouvem a voz da razão. A dura e fria letra da lei é a melhor arma para combater esse tipo de surdez.

Há dois tipos de lei que se pode aplicar contra o negacionismo nocivo à coletividade: a lei dos homens e a lei de Deus.

No âmbito da lei dos homens, cito como exemplos:

  • O artigo 268 do Código Penal Brasileiro pune com detenção de um mês a um ano, além de multa, quem infringir determinação do poder público destinada a impedir a introdução ou propagação de doença contagiosa. Isso pode ser aplicado a indivíduos que espalham informações falsas sobre vacinas que levam outros a se recusarem a se vacinar.
  • A Lei de Segurança Nacional (Lei 7.170/1983) prevê punição para quem “provocar alarme, anunciando desastre ou perigo inexistente, ou praticar qualquer ato capaz de produzir pânico ou tumulto”.
  • A Lei do Racismo (nº 7.716/89) estabelece que é crime “fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo”, sob pena de dois a cinco anos de prisão e multa.
  • A Lei nº 17.817/2023 do Estado de São Paulo proíbe o ensino ou abordagem disciplinar do Holocausto a partir de perspectivas negacionistas ou revisionistas

Há muito mais exemplos de onde vieram esses e eu poderia seguir citando-os ad nauseam, mas creio já ter conseguido provar meu ponto (se você ainda achar insuficiente, o Google é seu amigo).

No âmbito espiritual, para a decepção de muitos, a lei também não é condescendente com o negacionismo:

Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade senão de Deus; e as autoridades que há são ordenadas por Deus.

Por isso, quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação.

Porque os magistrados não são temor para as boas obras, senão para as más. Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem, e terás louvor dela. (Romanos 13:1-3, destaques meus.)

“Eu acho é tome!”, como se diz no Nordeste. 😉

Em condição ainda mais comprometida com a obediência à lei dos homens — e, portanto, em posição obrigatoriamente contrária ao negacionismo — devem se colocar os membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. A décima-segunda de nossas Regras de Fé diz:

Cremos na submissão a reis, presidentes, governantes, e magistrados; na obediência, honra e manutenção da lei.

Acho que não preciso lembrar de quem vem a influência para agir contrariamente a isso, preciso? (Se achar que preciso, dê uma olhada em João 8:44 e em 3 Néfi 11:29-30.)

Em outras palavras, não há desculpa.

Que todo negacionista aja como o terraplanista que viajou para ver fenômeno solar e “descobriu” que a Terra é redonda. “Foi como uma desilusão amorosa”, disse ele. Melhor uma desilusão dessas do que a falsa sensação de satisfação trazida pela mentira ou, pior ainda, do que o fracasso ao qual está fadado quem afunda na inglória tarefa de lutar contra a sociedade e contra Deus.

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2 comentários em “Da Terra plana às vacinas: o negacionismo e suas implicações sociais e espirituais

  1. As vacinas eram pra imunizar, teve até roubo de vacinas pra pular a fila. Era pra imunizar mas continuaram contraindo. Disseram que contrai mas não adoece. Adoeceram. Aí disseram: adoece mas não agrava. Agravou. Aí disseram: agrava mas não morre. Morreram. Aí disseram: morre mas vai pro Céu.

    1. Estou entendendo seu comentário como tendo sido escrito com a licença poética dos artistas. 😉

      As estatísticas oficiais indicam que, no Brasil, 96% das mortes por Covid-19 são de pessoas que não tomaram a vacina. O número de pessoas totalmente vacinadas no Brasil ultrapassou os 100 milhões, enquanto o de vacinados que morreram foi de menos de 10 mil, ou seja, 0,01% — uma irrelevância estatística.

      Em relação às causas de mortes em pessoas vacinadas, é importante entender que nenhuma vacina oferece proteção de 100% contra doenças, mas reduz significativamente as chances de infecção, hospitalização e mortes. Algumas pessoas podem ainda contrair a doença após a vacinação, especialmente aquelas com sistemas imunológicos comprometidos ou outras condições de saúde subjacentes. No entanto, a Anvisa destaca que os riscos desse tipo de ocorrência são baixos, sendo superados pelos benefícios da imunização com essas vacinas no combate à covid-19.

      É importante lembrar que a vacinação é uma ferramenta crucial para controlar a pandemia e reduzir a gravidade da doença em pessoas que contraem o vírus. A vacinação em massa é essencial para alcançar a imunidade coletiva e proteger a população em geral. Temos a obrigação moral, social e espiritual de nos vacinar, como exponho no artigo.

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